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Após um mês, vizinho da cratera do metrô não sabe quando volta
Dos 55 imóveis desalojados após acidente, 13 foram condenados; famílias continuam em hotéis e casas de parentes
Subprefeitura não tem prazo para que moradores afetados por tragédia na estação Pinheiros da linha 4 voltem para residências
Danilo Verpa/Folha Imagem
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Vítor e os pais, Adriana e Alex, passam a tarde de ontem no quarto de hotel após acidente |
ROGÉRIO PAGNAN
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Quarenta e duas famílias desalojadas pelo acidente nas
obras da linha 4-amarela do
metrô em Pinheiros, zona oeste
de São Paulo, ainda não podem
responder a uma simples pergunta: Qual é o seu endereço?
Exato um mês do pior acidente da história do metrô paulista, quando morreram sete
pessoas soterradas, a Subprefeitura de Pinheiros ainda não
definiu quais as casas que poderão ser ocupadas outra vez.
Assim, os moradores ainda
continuam em hotéis e em casas de parentes. Nenhum morador ficou ferido no acidente,
apesar de não ter sido acionado
nenhum plano de abandono de
área pelo Consórcio Via Amarela, responsável pela obra e integrado por Odebrecht, OAS,
Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
No total, 55 imóveis foram
desocupados por determinação
da Defesa Civil em razão dos
riscos de desabamento. Treze
deles foram condenados, seis já
foram demolidos e o restante
será derrubado a qualquer momento, de acordo com a subprefeitura.
Há quase duas semanas o
consórcio entregou um laudo
geológico atestando a estabilização da terra sob os imóveis. O
documento foi enviado ao IPT
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e os técnicos da prefeitura realizaram uma perícia
nas edificações. Na tarde de hoje, todos os dados serão confrontados para definir quais de
fato voltarão a ser habitadas.
O resultado será divulgado
numa reunião com moradores
na noite de hoje, mas, mesmo
com uma avaliação positiva,
eles não estarão liberados a voltar para casa. A subprefeitura
informou que só após a finalização da "parte burocrática" isso ocorrerá, mas não há prazo.
A justificava para a demora é
a realização de um trabalho
cauteloso e que somente após a
obtenção de 100% de segurança a área será liberada.
Não só a volta dos moradores
segue pendente após um mês
da abertura da cratera. Doze indenizações foram acertadas,
mas só uma para parentes dos
mortos. Das demais, sete foram
para inquilinos de imóveis -40
salários mínimos, segundo moradores- e quatro para donos
de veículos engolidos.
Ontem, um culto na Igreja
Metodista em Pinheiros lembrou todas as vítimas do acidente e homenageou os bombeiros que trabalharam no resgate. Hoje, às 16h, entidades farão um ato público em solidariedade na estação Sé.
Embargo
Depois do acidente, a obra da
linha 4 foi embargada pela DRT
(Delegacia Regional do Trabalho) na estação Pinheiros.
O gerente do Metrô responsável por fiscalizar a construção, Marco Antonio Buoncompagno, foi afastado do cargo
após revelação feita pela Folha
de que ele era processado pelo
Ministério Público sob a acusação -que ele nega- de ter participado de um esquema irregular de contratações nos anos
90 com a Andrade Gutierrez.
Os laudos da investigação do
acidente, preparados pelo IPT,
pelo IC (Instituto de Criminalística) e pelo Ministério Público Estadual, devem sair só a
partir do final de agosto.
Na semana passada, em depoimento na Assembléia Legislativa, um engenheiro do Metrô paulista revelou que a última vistoria na área do desmoronamento foi feita por um engenheiro recém-formado.
Horas antes da abertura da
cratera as construtoras também fizeram detonações com
explosivos na obra -apesar da
constatação de que houve uma
aceleração do rebaixamento da
terra no dia anterior.
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