São Paulo, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

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Jovens usavam torpedos sem saber de grampo

DA SUCURSAL DO RIO

"Para manter a vida que eu gosto de ter, eu preciso fazer isso", declara um dos jovens de classe média alta acusado de tráfico, ao ser questionado por uma interlocutora sobre sua boa condição de estudo e trabalho. A afirmação está em escuta telefônica, segundo o Ministério Público.
Durante quase um ano, jovens usaram programas de bate-papo e torpedos para traficar drogas sem desconfiar que eram grampeados. Nem frases cifradas, linguagem de internet, códigos, abreviações e palavras com sílabas invertidas impediram que os presos nas operações Nocaute e Trilhas fossem monitorados pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal.
Nas conversas interceptadas com autorização da Justiça, eles faziam pedidos de drogas, trocavam números de contas bancárias e negociavam até armas. Falavam em fuzil, granada e pistola. "Eles usavam muito internet, MSN [Messenger, programa de troca de mensagens on-line] o tempo todo, porque provavelmente achavam que eram imunes a investigação. Usavam SMS [torpedos por celular], porque só recentemente foi desenvolvida a tecnologia para interceptar", afirmou o procurador da República Marcello Miller, que participou da investigação do grupo Nocaute e que ofereceu denúncia de 36 deles.
Segundo o MPF, eles atuavam como cooperativas e não havia rigidez na divisão de funções.
"Eles montaram uma associação com formato de século 21, uma rede, uma cooperativa. Essa rede, um grande Orkut do tráfico, servia a eles", definiu o procurador.


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