São Paulo, Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 1999
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CHUVAS
Obra considera essencial para o combate às águas só deve ficar pronta em 2001
Enchentes continuam até o próximo milênio

José Maria da Silva/Folha Imagem
Vera Lúcia é resgatada na av. Cruzeiro do Sul (zona norte)


da Reportagem Local


Os efeitos da chuva foram agravados pelo atraso nas obras do Estado e da Prefeitura de São Paulo que deveriam reduzir ou eliminar os estragos.
A mais importante delas, o aprofundamento da calha do Tietê, é considerada por todos os especialistas a solução definitiva para as enchentes.
O próprio governo do Estado, responsável pela obra, ressalta a importância da medida. E admite que a solução está atrasada. "Isso era para ter sido feito há 20 anos", diz José Bernardo Ortiz, superintendente do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica).
Ortiz nega que a gestão Mário Covas (no poder desde 95) tenha contribuído para esse atraso, embora a primeira parte da obra só tenha começado em janeiro de 98, após três anos de governo.
A segunda parte do aprofundamento só deve ser concluída em 2001, admite Ortiz. E isso se correrem sem obstáculos todas as etapas do processo, que inclui liberação de um financiamento de R$ 200 milhões, licitação e realização da obra.
"São Paulo só vai estar livre das enchentes no final de 2001. Até lá, tudo o que o governo do Estado pode fazer é desassorear o leito do rio e fazer obras de piscinões."
Os projetos de piscinões -que retêm a água da chuva e a liberam pouco a pouco, limitando o impacto de uma chuva forte- se multiplicaram pela cidade.
Só o Estado pretende construir 52 piscinões, dos quais apenas 5 devem ficar prontos em um ano.
Já a prefeitura, que assinou um financiamento em 95 para construção de 7 piscinões até o ano 2000, só entregou 1 até agora. Outros 5 não foram iniciados.
Devido ao atraso, a prefeitura obteve um prorrogamento do contrato por um ano. Mesmo assim, a prefeitura prevê entregar 2 desses piscinões no último mês de vigência do contrato.
A canalização de córregos também é atribuição da prefeitura.
No mesmo contrato com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), a prefeitura tomou emprestado dinheiro para canalizar 9 córregos. Desses, 2 foram entregues até agora. E 2 também serão entregues no último mês do prorrogamento do contrato.
Ontem, o tradicional jogo de empurra que a prefeitura de São Paulo e o governo do Estado travam quando há uma enchente de grandes proporções na região metropolitana deu lugar a uma nova expressão: "A culpa é de todos".
Foi o que disseram o secretário de Vias Públicas, Serviços e Obras da prefeitura, Alfredo Mário Savelli, e o superintendente do Daee. (RODRIGO VERGARA)


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