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SAÚDE
Pesquisador da Fipe diz que governo precisa definir suas intenções em relação à indústria farmacêutica
Economista pede mecanismo de proteção
da Reportagem Local
Economistas ouvidos pela reportagem da Folha dizem que a
melhor forma de proteger a população mais pobre dos aumentos sucessivos dos medicamentos
é criar uma espécie de política de
segurança na área da saúde.
Hélio Zylberstajn, professor da
USP (Universidade de São Paulo)
e pesquisador da Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas), diz que o governo precisa definir suas intenções em relação à
indústria farmacêutica.
"Ou o governo estatiza a produção de remédios ou a encara como atividade legítima que tem de
ter lucro", diz Zylberstajn. Ele ressalta que não é "defensor" da indústria, mas diz que o importante
nesse momento é criar um mecanismo de proteção para que os
mais pobres tenham condições de
comprar remédios.
O economista José Maria Silveira, do Núcleo de Políticas Públicas da Unicamp, diz que sem uma
política de seguridade na área de
saúde o país fica vulnerável a choques cambiais e o sistema pode ficar desorganizado.
Um executivo da Abifarma (Associação Brasileira da Indústria
Farmacêutica), que não quer se
identificar, diz que o motivo da
queda nas vendas dos medicamentos é a perda gradual do poder aquisitivo da população mais
pobre.
"As pessoas não deixaram de
comprar remédio porque houve
aumento; elas não teriam como
comprar mesmo que o preço não
tivesse subido", completa.
Essa mesma fonte diz que a solução para proteger as camadas
mais pobres é a criação de uma
política específica. Na França, diz
ele, 61% dos medicamentos são
subsidiados pelo governo e 19%
por empresas de seguro de saúde.
A população financia o custo integral de apenas 20%.
O promotor Alexandre de Moraes diz que o Grupo Especial da
Saúde Pública foi criado há um
ano para assegurar, por meio de
ações coletivas interpostas na Justiça, o direito à saúde da população mais pobre. Desde a sua criação, o grupo já entrou com cerca
de 300 ações.
Moraes conta que, no auge da
falta de medicamentos no Hospital das Clínicas, a promotoria chegou a atender 68 pessoas em uma
só tarde.
A maioria das pessoas que procura a promotoria está aposentada, tem renda baixa ou está desempregada. A maior parte é encaminhada à Procuradoria de Assistência Judiciária, que faz ações
individuais.
A promotoria já entrou com
ação contra todos os postos de
saúde do município em razão da
falta de condições de funcionamento. Ontem, foi interditado
um na periferia da zona sul. Não
tinha remédio e corria risco de ser
inundado.
(GABRIELA ATHIAS)
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