São Paulo, domingo, 12 de março de 2000


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SAÚDE
Pesquisador da Fipe diz que governo precisa definir suas intenções em relação à indústria farmacêutica
Economista pede mecanismo de proteção

da Reportagem Local

Economistas ouvidos pela reportagem da Folha dizem que a melhor forma de proteger a população mais pobre dos aumentos sucessivos dos medicamentos é criar uma espécie de política de segurança na área da saúde.
Hélio Zylberstajn, professor da USP (Universidade de São Paulo) e pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), diz que o governo precisa definir suas intenções em relação à indústria farmacêutica.
"Ou o governo estatiza a produção de remédios ou a encara como atividade legítima que tem de ter lucro", diz Zylberstajn. Ele ressalta que não é "defensor" da indústria, mas diz que o importante nesse momento é criar um mecanismo de proteção para que os mais pobres tenham condições de comprar remédios.
O economista José Maria Silveira, do Núcleo de Políticas Públicas da Unicamp, diz que sem uma política de seguridade na área de saúde o país fica vulnerável a choques cambiais e o sistema pode ficar desorganizado.
Um executivo da Abifarma (Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica), que não quer se identificar, diz que o motivo da queda nas vendas dos medicamentos é a perda gradual do poder aquisitivo da população mais pobre.
"As pessoas não deixaram de comprar remédio porque houve aumento; elas não teriam como comprar mesmo que o preço não tivesse subido", completa.
Essa mesma fonte diz que a solução para proteger as camadas mais pobres é a criação de uma política específica. Na França, diz ele, 61% dos medicamentos são subsidiados pelo governo e 19% por empresas de seguro de saúde. A população financia o custo integral de apenas 20%.
O promotor Alexandre de Moraes diz que o Grupo Especial da Saúde Pública foi criado há um ano para assegurar, por meio de ações coletivas interpostas na Justiça, o direito à saúde da população mais pobre. Desde a sua criação, o grupo já entrou com cerca de 300 ações.
Moraes conta que, no auge da falta de medicamentos no Hospital das Clínicas, a promotoria chegou a atender 68 pessoas em uma só tarde.
A maioria das pessoas que procura a promotoria está aposentada, tem renda baixa ou está desempregada. A maior parte é encaminhada à Procuradoria de Assistência Judiciária, que faz ações individuais.
A promotoria já entrou com ação contra todos os postos de saúde do município em razão da falta de condições de funcionamento. Ontem, foi interditado um na periferia da zona sul. Não tinha remédio e corria risco de ser inundado. (GABRIELA ATHIAS)


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