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SAÚDE
Sistemas públicos de abastecimento de medicamentos registraram aumento de demanda a partir de 1999
Queda de venda acompanha desemprego
da Reportagem Local
O início da queda nas vendas
dos medicamentos, que começa
em 1997, coincide com o aumento
da taxa de desemprego no país.
Entre 1997 e 1998, a taxa de desemprego brasileira saltou de
7,8% para 9,0%. Esses números
foram obtidos a partir dos dados
da Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios, de 1998).
O crescimento da taxa de desemprego, em 1998, chegou a
15%. Nesse ano, a venda de medicamentos foi de R$ 1,65 bilhão,
contra o R$ 1,74 bilhão de 1977.
De acordo com o Ipea (Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada), em 1994, como consequência
do Plano Real, 13 milhões de brasileiros, que apenas recebiam remédios do sistema público de
saúde, passaram a comprá-los.
Esse dado é citado no estudo
"Posicionamento no Setor Varejista", de 1998, feito por Edmar
Ferreira Monte, da USP (Universidade de São Paulo),
Entre 1995 e 1996, o mercado de
medicamentos foi aquecido. As
vendas aumentaram de 1,77 bilhão de unidades, em 1995, para
1,82 bilhão.
No estudo, Ferreira Monte mostra que, em 1996, a importação de
remédios, especialmente vitaminas e sais minerais (esses, consumidos especialmente pela classe
média), aumentou 50%.
Esse aquecimento durou pouco. A partir de 1997, as vendas entraram em declínio, assim como o
poder aquisitivo dos brasileiros.
Em 1997, o rendimento médio
domiciliar foi de R$ 958. Um ano
depois, caiu para R$ 953. A expectativa para 1999 -os dados ainda
não estão fechados-, segundo a
Fipe, é de que a renda caia mais.
Para o economista José Maria
da Silveira, do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade
de Campinas), um dos sintomas
de que a população pobre passou
a comprar menos medicamentos
é o aumento de demanda sobre os
sistemas públicos de abastecimento de remédios.
Em São Paulo, no ano passado,
o Ministério Público chegou a entrar com ações judiciais para que
o Estado fornecesse medicamentos a pacientes pobres.
O Hospital das Clínicas ficou
pelo menos um mês com problemas sérios de abastecimento, entre os meses de novembro e dezembro do ano passado, tendo
suspendido a distribuição, inclusive, de medicamentos considerados simples, como o anti-convulsivo Gardenal.
Nesse mesmo período, o presidente do Sindicato dos Médicos
de São Paulo, José Erivalder Guimarães de Oliveira, informou que
a entidade estava recebendo mais
de uma denúncia por dia de médicos que trabalhavam em hospitais e postos de saúde da rede pública, onde estavam faltando até
mesmo analgésicos.
"O Brasil tem de ser menos dependente da importações de remédios e menos sujeito aos efeitos dos choques cambiais", diz
Silveira.
(GABRIELA ATHIAS)
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