São Paulo, domingo, 12 de março de 2000


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SAÚDE
Sistemas públicos de abastecimento de medicamentos registraram aumento de demanda a partir de 1999
Queda de venda acompanha desemprego

da Reportagem Local

O início da queda nas vendas dos medicamentos, que começa em 1997, coincide com o aumento da taxa de desemprego no país.
Entre 1997 e 1998, a taxa de desemprego brasileira saltou de 7,8% para 9,0%. Esses números foram obtidos a partir dos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de 1998).
O crescimento da taxa de desemprego, em 1998, chegou a 15%. Nesse ano, a venda de medicamentos foi de R$ 1,65 bilhão, contra o R$ 1,74 bilhão de 1977.
De acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), em 1994, como consequência do Plano Real, 13 milhões de brasileiros, que apenas recebiam remédios do sistema público de saúde, passaram a comprá-los.
Esse dado é citado no estudo "Posicionamento no Setor Varejista", de 1998, feito por Edmar Ferreira Monte, da USP (Universidade de São Paulo),
Entre 1995 e 1996, o mercado de medicamentos foi aquecido. As vendas aumentaram de 1,77 bilhão de unidades, em 1995, para 1,82 bilhão.
No estudo, Ferreira Monte mostra que, em 1996, a importação de remédios, especialmente vitaminas e sais minerais (esses, consumidos especialmente pela classe média), aumentou 50%.
Esse aquecimento durou pouco. A partir de 1997, as vendas entraram em declínio, assim como o poder aquisitivo dos brasileiros.
Em 1997, o rendimento médio domiciliar foi de R$ 958. Um ano depois, caiu para R$ 953. A expectativa para 1999 -os dados ainda não estão fechados-, segundo a Fipe, é de que a renda caia mais.
Para o economista José Maria da Silveira, do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade de Campinas), um dos sintomas de que a população pobre passou a comprar menos medicamentos é o aumento de demanda sobre os sistemas públicos de abastecimento de remédios.
Em São Paulo, no ano passado, o Ministério Público chegou a entrar com ações judiciais para que o Estado fornecesse medicamentos a pacientes pobres.
O Hospital das Clínicas ficou pelo menos um mês com problemas sérios de abastecimento, entre os meses de novembro e dezembro do ano passado, tendo suspendido a distribuição, inclusive, de medicamentos considerados simples, como o anti-convulsivo Gardenal.
Nesse mesmo período, o presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, José Erivalder Guimarães de Oliveira, informou que a entidade estava recebendo mais de uma denúncia por dia de médicos que trabalhavam em hospitais e postos de saúde da rede pública, onde estavam faltando até mesmo analgésicos.
"O Brasil tem de ser menos dependente da importações de remédios e menos sujeito aos efeitos dos choques cambiais", diz Silveira. (GABRIELA ATHIAS)


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