São Paulo, domingo, 12 de março de 2000


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VIOLÊNCIA
Tipo de crime cresce 69% de 98 para 99; classe média alta é o novo alvo das quadrilhas de Campinas
Sequestro aumenta no interior de SP

ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

A Grande Campinas disputa com a região metropolitana de São Paulo o título de capital dos sequestros no Estado.
Metade dos casos registrados este ano ocorreu no interior, mais precisamente na região de Campinas, onde houve três únicos crimes no ano passado inteiro.
A última vítima do eixo campineiro foi o empresário Luiz André Matarazzo, 52, primo do senador Eduardo Suplicy (PT), sequestrado no começo da semana com o filho de 12 anos em Indaiatuba (110 km de São Paulo).
Historicamente, segundo a polícia, o sequestro era mais frequente na capital, onde estão os escritórios dos banqueiros e dos industriais mais ricos e famosos.
Agora, a classe média alta é que está na mira da quadrilha campineira. ""As vítimas estão sendo escolhidas aleatoriamente pelo tipo de carro que dirigem", afirma o delegado Marcos Carneiro Lima, 42, da Delegacia Anti-Sequestro de São Paulo.
Dos seis casos deste ano, em apenas um há o nome de um empresário famoso. Os demais se enquadram no novo perfil de vítima descrito pela polícia.

Situação
Nos últimos dois anos, os casos de sequestro no Estado aumentaram 69,23% -crescimento recorde desde 97. Houve 13 crimes em 98, contra 22 no ano passado.
"Está havendo uma banalização do sequestro", disse o delegado.
Os integrantes da quadrilha que age no interior de São Paulo já sequestraram empresários em Capivari e Jundiaí.
A estratégia tem sido sempre a mesma: aguardam as vítimas perto de condomínios, clubes ou próximo de empresas.
Na semana em que Matarazzo e o filho desapareceram, a polícia havia registrado duas outras tentativas na região de Indaiatuba (Grande Campinas).
As vítimas são interceptadas na estrada ou em ruas desertas. Depois, são levadas para abrigos improvisados no meio do mato e que servem como cativeiros provisórios durante as negociações sobre o valor do resgate.
O grupo pode ter arrecadado mais de R$ 400 mil nos três sequestros -mais do que o obtido em assaltos a agências bancárias.
Segundo a polícia, a maioria dos sequestradores foi identificada, mas continua foragida. Eles faziam parte de um núcleo desmontado no ano passado e que está sendo reativado. ""Temos informações que eles contrataram até adolescentes como mão-de-obra", disse Lima.
Bem armados e equipados, os integrantes usam fuzis e obstáculos móveis para perfurar pneus dos carros das vítimas.
O sequestro é crime hediondo, punido com pena severa e inafiançável, desde o caso do empresário Abílio Diniz, dono do Grupo Pão de Açúcar, em 89. O fato da vítima permanecer mais de 24 horas no cativeiro serve como agravante da pena.


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