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NASCIMENTO
Pioneira fez 1.300 partos desde 1985
"Primeira filha" já completou 16 anos
da Reportagem Local
A primeira criança que nasceu pelas mãos da parteira Angela Geherke se chama Juliana
e tem hoje 16 anos. A última se
chama Ana e nasceu no dia 27
de agosto do ano passado.
Nesse período, ela fez cerca
de 1.300 partos, a grande maioria em mães da favela Monte
Azul, zona sudoeste, sem contabilizar nenhuma morte. "Esses dois nasceram com ela", diz
Ana Cristina dos Santos, 26,
mostrando Luis Gustava, 4, e
David Wesley, 3. "Ficava com a
gente, fazendo massagens.
Nunca me deu medo."
"Angela saía de um parto e ia
para outro, como se não precisasse dormir", diz Maria Helena de Miranda, avó de duas
"afilhadas" de Angela. Dezenas
de relatos de mães fizeram parte da homenagem prestada a
Angela, na última quinta-feira,
quatro dias após sua morte.
Parteira formada na Alemanha, Angela chegou ao Brasil
em 1983. Dois anos depois,
inaugurava uma casa de parto
dentro da favela onde vivia, a
Monte Azul. A casa virou referência internacional. "Ninguém entendia porque eu deixava o Horto Florestal, onde tinha plano de saúde, para ter
um filho na favela", diz a jornalista Maria do Rosário Mendes,
32, mãe de Odara, 6, e Ananda,
de um ano e oito meses.
A casa de parto e o trabalho
de Angela ficaram tão conhecidos que ela deixou seguidores.
Jessica, que nasceu em 88 na
casa de Angela, aprendeu a dar
banho nos bebês que nasciam e
decidiu que será parteira.
Práticas que poderiam soar
fantasiosas, se restritas a uma
favela, estão sendo adotadas
por hospitais como o Santa
Marcelina, um instituição de
referência na zona leste que faz
900 partos por mês, 90% pelo
SUS.
Em outubro passado, o hospital lançou o programa "100%
natural", substituindo as salas
cirúrgicas de parto por um espaço onde as gestantes fazem o
pré-parto, o parto e o puerpério (o pós-parto).
As mulheres que entram no
programa podem ficar com
acompanhantes, não têm os
pelos raspados e não passam
por lavagem intestinal. O parto
acontece na própria cama ou
de cócoras -apoiada em uma
cadeira especial. E a episiotomia, corte do períneo para facilitar a saída do bebê, é empregada em menos de 15% dos casos. A idéia do parto humanizado está atraindo também
profissionais de maternidades
privadas, onde o índice de cesáreas chega a 80%.
A razão, neste caso, é mais de
custos do que de conforto.
Quando se compara o parto
natural com a cesárea, vê-se
que o primeiro custa 50% mais,
provoca quatro vezes mais
mortes e 40 vezes mais infecção
hospitalar.
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