|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIOLÊNCIA
Crime ocorreu após discussão entre o assassino e a mãe das vítimas; menina de seis anos foi internada em estado grave
Padrasto mata cinco crianças a facadas no RS
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM VIAMÃO (RS)
Cinco crianças, com idades entre dois e nove anos, todas irmãs,
foram assassinadas a facadas pelo
padrasto, Gérson Luiz Silveira de
Lacerda Júnior, 18, em Viamão
-região metropolitana de Porto
Alegre. Uma sexta irmã, também
esfaqueada por Lacerda, foi internada em estado grave no Hospital
de Pronto-Socorro.
O crime ocorreu entre 10h e
10h30 de ontem, quando o autor
confesso, depois de uma discussão com a mãe das crianças, Alda
Delmara Machado Carvalho, 36,
esperou ela sair de casa para matar Andressa Carvalho Silva, 9, Juliane, 8, Guilherme, 5, Vitória, 4, e
Jones, 2. Em estado grave ficou
Patrícia, 6.
Lacerda caminhava pelas ruas
de Viamão, às 11h, quando encontrou policiais militares do 18º Batalhão de PM e confessou o crime
friamente -de acordo com a polícia-, levando-os até o casebre
de madeira em um terreno de
chão batido e desnivelado, no número 41 da rua Ana Jobim, bairro
pobre de Santa Cecília, na periferia de Viamão.
"Ao chegarmos, fomos aos fundos da casa, no banheiro. Duas
crianças estavam mortas e outra
chorava, abraçada nelas", contou
o PM Alexandre da Silva, que foi
até o local da chacina.
"A criança que chorava disse
que havia outras três crianças na
casa. Arrombamos a porta da
frente e encontramos os outros
três corpos no quarto. Uma das
crianças tinha uma bucha de pano na boca. O autor do crime nos
disse que agiu motivado por ciúmes, porque sua companheira teria dito para ele deixar a casa."
De acordo com os vizinhos, os
dois mantinham um relacionamento tumultuado.
Até a tarde de ontem, Alda Delmara não havia sido informada
pela polícia a respeito da morte
dos filhos. Foi levada a um atendimento psicológico sob o pretexto
de que o companheiro havia batido nas crianças após quebrar móveis dentro da casa.
Ela perguntou à delegada Jane
Bilycz por que as crianças não estavam ali naquele momento. A
resposta foi evasiva.
A mãe das crianças, que recolhe
lixo na rua e trabalha em um ferro-velho, tem histórico de problemas cardíacos e hipertensão. Por
isso, foi poupada. "Colocamos à
disposição dela médicos, assistentes sociais e psicólogos para fornecer um atendimento especializado", disse a delegada.
Risco
Na frente da delegacia de Viamão e da casa onde vivia a família,
várias pessoas se juntaram para
protestar contra o crime. Havia
possibilidade de linchamento.
Por motivo de segurança, Lacerda foi levado para o Deic (Departamento de Investigações Criminais), em Porto Alegre, onde
foi lavrado auto de prisão em flagrante. Em seguida, foi conduzido
para o Presídio Central.
A delegada se surpreendeu, durante o depoimento de Lacerda,
com a sua frieza. "O perfil psicológico dele deveria ser objeto de estudos", disse ela.
"O criminoso pode pegar 30
anos mesmo sendo primário [caso de Lacerda], pois o motivo do
homicídio doloso foi torpe", afirmou o advogado Nestor Heinz.
Alda Delmara tem dois outros
filhos mais velhos, um de 18 e outro de 11 anos, que vivem com o
pai no município de Morrinhos.
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Agressões eram rotineiras, diz prima Índice
|