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SEGURANÇA
Visitas de falsos membros da Ouvidoria e de oficial de batalhão que serve o Parque Novo Mundo assustam moradores
Bairro vive tensão após denúncia contra PM
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia depois da divulgação
das denúncias de supostas arbitrariedades policiais, líderes comunitários do Parque Novo
Mundo, zona norte de São Paulo,
viveram momentos de tensão.
O aparecimento de falsos representantes da Ouvidoria da Polícia
e a visita de um oficial da PM à casa de um dos líderes, sem conhecimento da Corregedoria (órgão
encarregado de investigar esse caso), mobilizaram ontem entidades de direitos humanos e o ouvidor Itajiba Farias Ferreira Cravo.
"São antigas formas de intimidação. A comunidade vive um
momento decisivo, no qual tem
que se unir e apontar os casos e os
nomes dos culpados", diz Cravo.
Entidades de direitos humanos,
associações de moradores e a Ouvidoria denunciam, segundo a
Folha relatou ontem, supostas
agressões, invasões de domicílio,
tentativas de forjar provas e indícios de assassinatos de menores.
Anteontem à tarde, quando a
reportagem já tinha informado a
Secretaria da Segurança Pública
sobre a publicação, dois homens
foram à sede da associação dos
moradores do Cingapura Chácara Bela Vista. Eles se identificaram
como membros da Ouvidoria da
Polícia e pediram dados sobre os
abusos e endereços dos líderes da
região. Os dois homens não informaram seus nomes. "Não eram
da Ouvidoria porque não trabalhamos desse jeito", diz Cravo.
Ontem à tarde, nova tensão e
mobilização das entidades. Um
oficial da 6ª Companhia -unidade que também tem PMs citados
nas denúncias- foi à casa do presidente da Associação dos Moradores do Parque Novo Mundo,
Cícero Pinheiro do Nascimento.
A reunião ocorreu na sede da
associação. O ouvidor acionou a
Corregedoria da PM ao ser informado que era o órgão, não a companhia, o responsável pela investigação. "Cabe à Corregedoria investigar casos como esse. Não
acho adequada essa conduta."
O oficial disse à Folha que não
estava autorizado a falar. Nascimento diz que ele queria dados
sobre abusos e cobrou por que as
denúncias não foram feitas à
companhia. "Algumas denúncias
já tinham sido feitas. Outras não,
a população tem medo de represálias."
Para o ministro Nilmário Miranda (Direitos Humanos), as denúncias no Parque Novo Mundo
revelam indícios de que os abusos
"são procedimentos de rotina
adotados por parte da polícia".
Ele relacionou o caso a abusos
cometidos em Sapopemba (zona
leste) e à morte do dentista Flávio
Ferreira Sant'Ana, baleado por
PMs do 5º Batalhão, também alvo
de denúncias no Parque Novo
Mundo. A secretaria solicitou dados à Ouvidoria da Polícia e o ministro deve decidir hoje quais procedimentos serão tomados.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública ressaltou que a PM
"não compactua com ações de
maus policiais" e que as denúncias são apuradas com "rigor".
"Não existe nenhum caso citado,
denunciado ou ocorrido que não
tenha sido objeto de apuração pela própria polícia", diz a nota. A
secretaria informou que 673 PMs
foram demitidos em 2003 e 48 de
janeiro a 9 de março deste ano. A
secretaria não se posicionou sobre a visita dos falsos membros da
Ouvidoria e do oficial ao bairro.
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