São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2004

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CLIMA

Há risco iminente de colapso no abastecimento de água para a população em 56 localidades; previsão é de pouca chuva

Seca coloca 69 cidades de SC em emergência

JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

A forte estiagem que assola a maior parte de Santa Catarina colocava em situação de emergência, até ontem, 69 dos 293 municípios do Estado. A Defesa Civil vê risco iminente de colapso no abastecimento de água para a população em 56 localidades. No Rio Grande do Sul, a seca afeta com gravidade 116 cidades.
Uma força-tarefa formada por vários órgãos estaduais traçou ontem estratégias para tentar diminuir o impacto da falta de água em território catarinense. A intensificação da perfuração de poços artesianos, a avaliação do potencial de captação, campanhas de conscientização da população e a adoção de medidas de contenção de gastos de água são algumas das ações a serem tomadas.
De acordo com a Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento), 16 municípios enfrentam rodízio ou problemas pontuais no fornecimento de água no perímetro urbano. Os problemas mais graves, porém, estão nas zonas rurais, onde pequenos produtores perdem plantações inteiras, animais morrem de sede e a população precisa ser atendida por carros-pipa.
"O nosso prejuízo na agricultura chega a R$ 35 milhões e a perda na safra de feijão chega a 60%. Estamos colocando o maquinário da prefeitura à disposição das fazendas que precisam abrir poços", disse o prefeito de Campos Novos, Nelson Cruz (PMDB).
A Prefeitura de Maravilha, que tem cerca de 20 mil habitantes e entrou em emergência, calcula que, se não chover nos próximos dez dias, não haverá como evitar racionamento. Com o decreto de situação de emergência, os prefeitos ficam dispensados de realizar licitações e de pagar impostos federais em ações de combate aos efeitos da estiagem.
Segundo o Climerh (Centro Integrado de Meteorologia e Recursos Hídricos de Santa Catarina), em fevereiro não choveu nem metade da média histórica em praticamente todas as regiões catarinenses. Em Itapiranga, oeste do Estado, em emergência há 16 dias, choveu 17% dos 181,7 mm esperados. Florianópolis teve apenas 24% da precipitação normal, que é de 402,6 mm, e em Urussanga, no sul do Estado, o índice pluviométrico ficou em 61,1 mm, sendo que o esperado é 224,4 mm.
A estiagem no Sul, segundo os meteorologistas, não tem relação com fenômenos globais, como o El Niño. A constante presença de massas de ar frio e seco na região durante o verão, que fez baixar as temperaturas e impedir a formação de nuvens carregadas, poderia justificar a seca. Para os próximos três meses, a previsão é que as chuvas ainda sejam escassas.


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