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"Foi o melhor presente; a sensação é de renascimento", diz paciente
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Na véspera do último Natal,
um telefonema pôs fim a três
anos de sofrimento e dor vividos pela dona-de-casa Helena
Aparecida de Souza, 46, da
Praia Grande (SP). A ligação era
da equipe de transplante do
hospital Albert Einstein, avisando que ela faria nas próximas horas o tão aguardado
transplante de fígado.
Com cirrose hepática, Helena -que nunca bebeu ou fumou- estava na fila de espera
do órgão havia dois anos. Dia
após dia, observava a saúde piorar. "Comecei com uma coceira
no corpo, depois tive sangramentos no estômago e no intestino. A barriga ficou enorme, tinha manchas pelo corpo e
olhos amarelados."
Por fim, ela perdeu a audição,
o paladar e a memória. "Já não
lembrava mais do nome dos
meus filhos e não podia sair sozinha de casa. Estava viva, mas
tinha deixado de viver."
Helena conta que, no início
de dezembro passado, havia falado aos filhos que, provavelmente, não sobreviveria até o
transplante. "Rezava toda noite
para Nossa Senhora Aparecida,
mas já estava perdendo as esperanças. Tomava remédios para
ver se o fígado agüentava mais
um pouco, mas estava difícil."
Helena não se lembra da sua
chegada ao hospital, muito menos do centro cirúrgico do
Einstein. Quando acordou na
UTI (Unidade de Terapia Intensiva), era Natal e ela já estava de fígado novo. O doador era
de Sorocaba, mas a equipe não
deu mais detalhes para evitar
contato entre as famílias.
Passados quase três meses da
cirurgia, Helena diz que os sintomas anteriores à cirurgia desapareceram e os efeitos colaterais dos imunossupressores
(drogas usadas para evitar rejeição do órgão) são quase imperceptíveis. "Foi o melhor
presente de Natal da minha vida. A sensação é de renascimento. Devo minha vida ao
doador deste fígado."
Hoje, 3.430 pessoas aguardam um fígado no Estado de
São Paulo. A espera média é de
17 meses. Segundo o médico
Ben-Hur Ferraz Neto, coordenador do programa de transplante de fígado do Einstein, o
aumento de doações registrado
em 2007 traz esperanças aos
que continuam na fila de espera. "Temos estrutura para fazer
mais transplante. Nossa limitação é o número de doadores."
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