São Paulo, quarta-feira, 12 de março de 2008

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"Foi o melhor presente; a sensação é de renascimento", diz paciente

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na véspera do último Natal, um telefonema pôs fim a três anos de sofrimento e dor vividos pela dona-de-casa Helena Aparecida de Souza, 46, da Praia Grande (SP). A ligação era da equipe de transplante do hospital Albert Einstein, avisando que ela faria nas próximas horas o tão aguardado transplante de fígado.
Com cirrose hepática, Helena -que nunca bebeu ou fumou- estava na fila de espera do órgão havia dois anos. Dia após dia, observava a saúde piorar. "Comecei com uma coceira no corpo, depois tive sangramentos no estômago e no intestino. A barriga ficou enorme, tinha manchas pelo corpo e olhos amarelados."
Por fim, ela perdeu a audição, o paladar e a memória. "Já não lembrava mais do nome dos meus filhos e não podia sair sozinha de casa. Estava viva, mas tinha deixado de viver."
Helena conta que, no início de dezembro passado, havia falado aos filhos que, provavelmente, não sobreviveria até o transplante. "Rezava toda noite para Nossa Senhora Aparecida, mas já estava perdendo as esperanças. Tomava remédios para ver se o fígado agüentava mais um pouco, mas estava difícil."
Helena não se lembra da sua chegada ao hospital, muito menos do centro cirúrgico do Einstein. Quando acordou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), era Natal e ela já estava de fígado novo. O doador era de Sorocaba, mas a equipe não deu mais detalhes para evitar contato entre as famílias.
Passados quase três meses da cirurgia, Helena diz que os sintomas anteriores à cirurgia desapareceram e os efeitos colaterais dos imunossupressores (drogas usadas para evitar rejeição do órgão) são quase imperceptíveis. "Foi o melhor presente de Natal da minha vida. A sensação é de renascimento. Devo minha vida ao doador deste fígado."
Hoje, 3.430 pessoas aguardam um fígado no Estado de São Paulo. A espera média é de 17 meses. Segundo o médico Ben-Hur Ferraz Neto, coordenador do programa de transplante de fígado do Einstein, o aumento de doações registrado em 2007 traz esperanças aos que continuam na fila de espera. "Temos estrutura para fazer mais transplante. Nossa limitação é o número de doadores."


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