ELIANE CANTANHÊDE
diretora da Sucursal de Brasília

FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

A interrupção de energia ontem à noite causou um problema diplomático, pois atingiu o Paraguai. O país também ficou às escuras por 15 minutos, segundo o ex-deputado Euclides Scalco, presidente de Itaipu Binacional.
Na manhã de hoje, haverá uma reunião emergencial no Ministério de Minas e Energia para analisar o blecaute. Não se descartava a hipótese de sabotagem.
O defeito na linha de transmissão teria acionado o sistema de defesa da hidrelétrica Itaipu Binacional. Como consequência, as 16 turbinas da hidrelétrica pararam de funcionar. Cerca de 20 minutos depois, 15 máquinas voltaram a "operar no vazio", ou seja, estavam prontas para produzir energia, mas dependiam da reativação da linha de transmissão para que a energia chegasse aos Estados.
As linhas de transmissão com defeito, disse o ministro Rodolpho Tourinho (Minas e Energia), são as que ligam Foz do Iguaçu (PR) com São Paulo e com Ibiúna (SP).
Com a queda nas linhas, a usina de Água Vermelha, da Cesp, também foi desativada.
O ministro Rodolpho Tourinho foi, às 23h de ontem, para o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), em Brasília, a fim de acompanhar a operação de restabelecimento do fornecimento de energia. O ONS, uma entidade privada, é o responsável pela operação do sistema de energia elétrica do país.
Ele disse que nenhum Estado chegou a ficar totalmente às escuras por causa do suporte de companhias estaduais.
O ministro afirmou que não tinha informações sobre possíveis ligações entre as bombas que foram colocadas no ano passado nas linhas de transmissão de Furnas e o blecaute de ontem. "Não tenho a menor idéia", disse à Folha. Para Tourinho, o problema pode ter tido qualquer causa externa. "Pode acontecer de tudo, mas não acredito em sabotagem, não é bom trabalhar com essa hipótese."
O ministro Renan Calheiros (Justiça), que acompanhou as investigações das bombas pela Polícia Federal, informou também por volta das 23h que não tinha qualquer informação sobre vinculação entre os dois eventos. Calheiros soube do blecaute pela TV.
Segundo o ministro Tourinho, a energia elétrica começou a voltar do Sul em direção ao Norte. Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná foram os primeiros Estados a ter energia restabelecida. Os últimos seriam São Paulo, Rio e Espírito Santo.
Segundo ele, o sistema não poderia voltar de uma só vez, mas apenas aos poucos, para evitar que uma tensão muito forte provocasse nova queda de energia.


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