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Mortes na BA foram causadas por metanol
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador
A aguardente que provocou a
morte de 35 pessoas em dez cidades do sudoeste da Bahia estava
contaminada com álcool metílico
(metanol).
Este é o resultado do laudo divulgado ontem pelo DPT (Departamento de Polícia Técnica) de Salvador (BA). Os exames atestaram
que as amostras de aguardente recolhidas nos municípios onde
ocorreram as mortes continham
de 2,85% a 24,84% de metanol.
"Diante da quantidade de metanol encontrada nas amostras, podemos dizer que a contaminação
não ocorreu de forma acidental,
pelo uso de recipientes com resíduos de metanol, por exemplo.
Houve intenção criminosa de lucro por parte dos responsáveis pela fabricação da aguardente", disse
o secretário da Saúde do Estado,
José Maria de Magalhães.
Segundo técnicos do DPT, caso a
contaminação tivesse ocorrido de
forma acidental, a quantidade máxima de metanol encontrada nas
amostras seria de 0,25 ml por 100
ml de álcool anidro.
Nas amostras de sangue analisadas, o DPT registrou a presença de
metanol em proporções até 500 vezes superiores a do álcool etílico. O
laudo do DPT foi baseado na análise de sete amostras de aguardente
e cinco amostras de sangue.
Crime
"Esse foi um ato criminoso. Espero que dessa vez haja punição
para os responsáveis, ao contrário
do que aconteceu há nove anos em
Santo Amaro", disse o secretário.
Em 1990, 14 pessoas morreram
em Santo Amaro (71 km de Salvador) após a ingestão de cachaça
contaminada por metanol.
Até hoje, a Justiça de Santo Amaro ainda não concluiu o processo
que apura a responsabilidade criminal de quatro comerciantes envolvidos com a venda do produto
contaminado.
Há dois anos, outras 13 pessoas
morreram em Serrinha (173 km da
capital baiana) pelo mesmo motivo.
Embora tenha recebido laudos
do Ministério da Agricultura e do
Departamento de Polícia Técnica
de Salvador atestando a presença
de metanol na cachaça, a Delegacia
de Polícia de Serrinha ainda não
concluiu o inquérito que apura a
responsabilidade pela comercialização do produto.
Nos últimos 20 dias, 450 pessoas
foram internadas em hospitais do
sudoeste baiano com sintomas de
contaminação por metanol -dor
de cabeça, pressão alta, vertigem e
cegueira.
Até o fim da tarde de ontem, Carlos Andrade, apontado como o fabricante da aguardente contaminada em Iguaí (cidade da região
sudoeste da Bahia), não havia se
apresentado à polícia. Seus advogados alegam que ele deve se apresentar ainda hoje.
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