São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2001

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CHUVA

25 mil pessoas estão desabrigadas e outras nove ainda não foram encontradas

Tempestade mata 2 em Fortaleza

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Uma tempestade provocou a morte de duas pessoas e deixou outras 25 mil desabrigadas na madrugada de ontem, em Fortaleza. Nove pessoas ainda estão desaparecidas.
A chuva durou cinco horas e causou alagamentos por toda a cidade. Os maiores estragos aconteceram nas 58 áreas de risco -favelas próximas aos rios que cortam o município-, onde vivem 7.300 famílias.
A orientação da Defesa Civil foi para os desabrigados procurarem casas de parentes e de amigos que não foram atingidas pelas águas. Os que não tinham para onde ir foram levados para prédios públicos desocupados.
Ontem choveu 124 mm na capital cearense. Em todo o mês de abril, choveu na cidade 306 mm. Nos três primeiros meses do ano, 344 mm. Cada milímetro de chuva equivale à queda de um litro de água sobre uma superfície plana de um metro quadrado.
Uma mulher grávida de cinco meses morreu afogada durante a enchente, e uma adolescente, de 15 anos, eletrocutada. Ela tentava se salvar da enxurrada, quando encostou num fio de alta tensão que havia caído de um poste.
Esse tipo de problema com a rede elétrica obrigou a Coelce (Companhia de Eletricidade do Ceará) a desligar a energia em vários bairros de Fortaleza durante algumas horas para consertos.
A chuva também causou prejuízo à rede ferroviária do município. Parte dos trilhos que ligam Fortaleza a Maracanaú, cidade vizinha, foi destruída, interrompendo o fluxo de trens durante todo o dia de ontem.
O vento forte que acompanhou a chuva fez um barco pesqueiro afundar. Outra embarcação foi lançada contra uma plataforma do Iate Clube de Fortaleza, destruindo a estrutura de ferro.
A previsão de mais chuva preocupa a Defesa Civil. Segundo a Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos), deve continuar chovendo forte no município pelo menos nos próximos dois dias.
"O maior problema é que, além da chuva, temos uma maré alta. O nível dos rios que cortam a cidade, o Cocó e o Maranguapinho, está muito alto. Tudo isso junto acaba causando ainda mais preocupação", afirmou o coordenador da Defesa Civil do Ceará, João Alfredo Pinheiro.
Tanto o governo do Estado quanto a Prefeitura de Fortaleza informaram que possuem projetos habitacionais para as famílias que vivem em áreas de risco da cidade. Esses projetos não devem ser iniciados agora, pois dependem de empréstimos no exterior.

Contraste
Duas regiões do Estado, os Inhamuns e o Cariri, estão sofrendo com a seca, que está provocando a perda de safras inteiras.
No Cariri, região onde está localizado o município de Juazeiro do Norte, a 542 km de Fortaleza, choveu apenas 30,7 mm em todo o mês de abril.
Nos três primeiros meses do ano, a chuva foi bastante irregular, chegando a 378,9 mm, o que não foi suficiente para atender às necessidades agrícolas.
Nos Inhamuns, a irregularidade das chuvas está obrigando as prefeituras a decretarem estado de emergência para conseguirem carros-pipa da Defesa Civil.
Um dos municípios mais atingidos da região é Tauá, a 338 km de Fortaleza. Os agricultores do local perderam toda a safra de milho e começam a fazer ameaças de saques por causa da fome.


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