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CHUVA
25 mil pessoas estão desabrigadas e outras nove ainda não foram encontradas
Tempestade mata 2 em Fortaleza
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Uma tempestade provocou a
morte de duas pessoas e deixou
outras 25 mil desabrigadas na
madrugada de ontem, em Fortaleza. Nove pessoas ainda estão desaparecidas.
A chuva durou cinco horas e
causou alagamentos por toda a cidade. Os maiores estragos aconteceram nas 58 áreas de risco -favelas próximas aos rios que cortam o município-, onde vivem
7.300 famílias.
A orientação da Defesa Civil foi
para os desabrigados procurarem
casas de parentes e de amigos que
não foram atingidas pelas águas.
Os que não tinham para onde ir
foram levados para prédios públicos desocupados.
Ontem choveu 124 mm na capital cearense. Em todo o mês de
abril, choveu na cidade 306 mm.
Nos três primeiros meses do ano,
344 mm. Cada milímetro de chuva equivale à queda de um litro de
água sobre uma superfície plana
de um metro quadrado.
Uma mulher grávida de cinco
meses morreu afogada durante a
enchente, e uma adolescente, de
15 anos, eletrocutada. Ela tentava
se salvar da enxurrada, quando
encostou num fio de alta tensão
que havia caído de um poste.
Esse tipo de problema com a rede elétrica obrigou a Coelce
(Companhia de Eletricidade do
Ceará) a desligar a energia em vários bairros de Fortaleza durante
algumas horas para consertos.
A chuva também causou prejuízo à rede ferroviária do município. Parte dos trilhos que ligam
Fortaleza a Maracanaú, cidade vizinha, foi destruída, interrompendo o fluxo de trens durante todo o dia de ontem.
O vento forte que acompanhou
a chuva fez um barco pesqueiro
afundar. Outra embarcação foi
lançada contra uma plataforma
do Iate Clube de Fortaleza, destruindo a estrutura de ferro.
A previsão de mais chuva preocupa a Defesa Civil. Segundo a
Funceme (Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos), deve continuar chovendo
forte no município pelo menos
nos próximos dois dias.
"O maior problema é que, além
da chuva, temos uma maré alta. O
nível dos rios que cortam a cidade, o Cocó e o Maranguapinho,
está muito alto. Tudo isso junto
acaba causando ainda mais preocupação", afirmou o coordenador
da Defesa Civil do Ceará, João Alfredo Pinheiro.
Tanto o governo do Estado
quanto a Prefeitura de Fortaleza
informaram que possuem projetos habitacionais para as famílias
que vivem em áreas de risco da cidade. Esses projetos não devem
ser iniciados agora, pois dependem de empréstimos no exterior.
Contraste
Duas regiões do Estado, os
Inhamuns e o Cariri, estão sofrendo com a seca, que está provocando a perda de safras inteiras.
No Cariri, região onde está localizado o município de Juazeiro do
Norte, a 542 km de Fortaleza, choveu apenas 30,7 mm em todo o
mês de abril.
Nos três primeiros meses do
ano, a chuva foi bastante irregular, chegando a 378,9 mm, o que
não foi suficiente para atender às
necessidades agrícolas.
Nos Inhamuns, a irregularidade
das chuvas está obrigando as prefeituras a decretarem estado de
emergência para conseguirem
carros-pipa da Defesa Civil.
Um dos municípios mais atingidos da região é Tauá, a 338 km de
Fortaleza. Os agricultores do local
perderam toda a safra de milho e
começam a fazer ameaças de saques por causa da fome.
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