São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2001

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VIOLÊNCIA

Negociação para liberar menino durou oito horas; dona-de-casa também tentou matar ex-amante, que a teria abandonado

Mulher faz filho como refém e se suicida

DO "AGORA"

Uma mulher de 29 anos disparou quatro tiros contra o ex-amante, fez o filho como refém e cometeu suicídio ontem, em Osasco (Grande SP).
Ana Lúcia de Souza tentou matar João Pacheco Mendonça Filho, 40, seu ex-amante, por volta das 8h. O atentado aconteceu em frente à casa dele, na avenida Iara, no bairro Cidade de Deus.
De acordo com a Polícia Militar, ela disparou quatro vezes em direção a Mendonça Filho, mas não conseguiu acertá-lo. O tenente aposentado do Exército Manoel Pedro Lucena, 63, estava em um bar próximo e foi atingido por um dos tiros na perna direita. Ele foi atendido no pronto-socorro do Hospital Antônio Giglio e liberado em seguida.
Após tentar matar o ex-amante, Ana Lúcia foi para sua casa, a alguns quarteirões de distância, na rua Doutor Mário Milani. De acordo com vizinhos, ela cumprimentou as pessoas e aparentava tranquilidade. Minutos depois, um carro da Polícia Militar parou na frente da casa de Ana Lúcia para detê-la.
O soldado Willian Antônia Arruda disse que, ao chegar à casa, ela trancou a porta e pela janela da cozinha afirmou que mataria o filho M.H.S., 8, e cometeria suicídio em seguida.
Às 9h, mais de 50 policiais civis e militares estavam no local. No início, Mendonça Filho tentou convencer a ex-amante de desistir da idéia, mas, como ela aparentava estar muito nervosa, os policiais pediram para que ele se afastasse do local.

Oito horas
A negociação para a libertação de M. durou oito horas e foi conduzida pelo major Silas Santana, do 14º Batalhão da Polícia Militar, e pelo capitão Berlucca, do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais). O irmão de Ana Lúcia, um policial civil identificado apenas como Gilberto, também tentou conversar com ela, mas os dois acabaram discutindo.
Durante as negociações, policiais tentaram entrar pelos fundos e pelo telhado da casa, mas o filho de Ana Lúcia percebia a ação e avisava a mãe.
De acordo com a PM, em nenhum momento da ação Ana Lúcia apontou a arma para o garoto, que ficou andando pela casa.

Suicídio
Às 17h15, M. foi libertado. Uma hora depois, Ana Lúcia foi para um quarto da casa e deu um tiro no próprio peito. Ela chegou a ser levada com vida ao Hospital Antônio Giglio, mas não resistiu ao ferimento.
No quarto onde Ana Lúcia cometeu suicídio, os policiais encontraram um coração desenhado. Dentro do desenho estava escrita a frase: "João, eu te amo".


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