CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO

A história da adolescente A.P., mãe precoce aos 15 anos, está cada vez mais comum. Segundo estudo da Secretaria de Saúde do Estado do Rio, os casos de mães adolescentes na faixa de 10 a 14 anos aumentaram 56% entre 93 e 98. Os casos pularam de 1.351 para 2.112 no período da pesquisa.
A maternidade precoce também aumentou, em 20%, na faixa de adolescentes entre 15 anos e 19 anos. Em 93, foram 44.238 nascimentos, contra 53.108 em 98. Por outro lado, o número de partos entre mulheres de 20 anos a 29 anos diminuiu em 5%, caindo de 143.473 para 136.124.
Entre as principais causas do fenômeno está a maior liberdade sexual e a erotização precoce dos adolescentes, afirma Tizuko Shiraiwa, coordenadora do Programa de Assistência à Saúde da Mulher Criança e Adolescente.
"Há uma publicidade para o uso do corpo na mídia, mas não se discute como usá-lo", diz Tizuko Shiraiwa.
A. P., 15, é mãe de Vitória, de oito meses. O bebê é resultado de um namoro com um rapaz que conheceu numa festa.
A. P., que morava no Grajaú (zona norte do Rio), hoje está abrigada no Cemasi (Centro Municipal de Atendimento Social Integrado), em Mangueira (zona norte), que dá assistência a mães precoces.
Seu caso é mais grave, entre as dez adolescentes ali abrigadas, porque ela corria risco de vida. Foi obrigada a sair de sua comunidade porque inimigos de um ex-namorado, ligado ao crime, com quem havia se relacionado aos 12 anos, poderiam matá-la.

Motivos
A busca pela auto-estima também é apontada como um fator para o aumento nos casos de de gravidez precoce.
"É uma substituição de expectativa para essas meninas, que, na maioria das vezes, são pobres. Em vez de pensar na profissão, na escola ou no lazer, querem ter um filho. É a maneira que elas encontram para se sobressair, numa sociedade que tenta anular o indivíduo", diz Tizuko Shiraiwa.


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