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Agressão provocou surto psiquiátrico
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando chegou para depor na
2ª Vara Criminal de São Paulo, no
dia 10 de agosto do ano passado, o
estado físico e psicológico de Maria Aparecida de Matos mobilizou
juízes e funcionários.
Vinda do Cadeião de Pinheiros
(zona oeste), unidade da Secretaria da Segurança Pública, Maria
Aparecida apresentava lesões e
estava em surto. O Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais e
Polícia Judiciária) determinou a
abertura de um inquérito para investigar a agressão na cadeia.
No dia 11 de agosto, um após a
descoberta das lesões, a direção
da cadeia pediu a transferência de
Maria Aparecida, sem citar agressões. Por uma decisão administrativa entre as secretarias da Segurança Pública e da Administração Penitenciária, ela foi levada
para uma unidade para presos
com problemas psiquiátricos, a
Casa de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico de Franco da Rocha.
A chegada de Maria Aparecida,
no entanto, também provocou
reações em Franco da Rocha.
Laudo do IML (Instituto Médico
Legal) informava que Maria Aparecida tinha sofrido apenas "lesões de natureza leve". A direção
da casa a encaminhou para nova
avaliação, que apontou o olho direito "sem projeção luminosa".
Também em agosto, a PAJ (Procuradoria de Assistência Judiciária) pediu avaliação de sanidade
mental. O exame psiquiátrico do
Imesc (Instituto de Medicina Social e Criminológica) só ocorreu
no último dia 28 de fevereiro.
O laudo informa que ela apresenta "desenvolvimento mental
retardado, de origem congênita, e
distúrbio psíquico, com comprometimento das capacidades de
discernimento" e sugere que a
presa receba uma medida de segurança -vai permanecer em
uma manicômio judiciário-
por, pelo menos, um ano.
Segundo a advogada Sonia Regina Arrojo e Drigo, o laudo não
levou em consideração os traumas sofridos por Maria Aparecida na cadeia. "Vamos questionar
esse laudo", disse. A Justiça ainda
não decidiu se vai seguir a orientação do Imesc.
O TJ ainda vai analisar o mérito
do habeas corpus. A Procuradoria
Geral de Justiça já deu parecer favorável à soltura de Maria Aparecida por entender um constrangimento ilegal por excesso de prazo.
Segundo a direção da Casa de
Custódia, Maria Aparecida apresentou melhora no tempo que esteve na instituição e, segundo
apontamento extra-oficial do setor de psiquiatria da unidade, ela
teria condições de voltar a conviver com outras presas comuns.
A família de Maria Aparecida
diz que está disposta a apoiá-la
em um tratamento fora da prisão.
"Não é local adequado. Ela não é
criminosa, não oferece perigo",
afirma Gislene dos Anjos, 30, irmã da presa. "Mutilaram a minha
irmã, que tem toda uma vida pela
frente. Que explicação eles têm
para dar?", questionou.
(GP)
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