São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 2005

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MASSACRE NA BAIXADA

Federal e Civil conduzem inquéritos separados

Investigação gera disputa entre polícias no RJ

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Encarregados de investigar em conjunto a chacina do último dia 31 na Baixada Fluminense, a Polícia Federal e a Polícia Civil do Estado do Rio romperam. Cada uma abriu um inquérito. Elas não trocam informações sobre o caso.
O chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, tornou ontem pública a desavença. "Essa duplicidade é prejudicial e pode resultar não só em diferenças nas conclusões, mas até em dificuldades para o Judiciário", afirmou Lins.
À frente das investigações da PF, o delegado Roberto Prel, diretor regional da superintendência fluminense, rebateu a reclamação do chefe de Polícia Civil.
"A resposta está no nosso trabalho. Em tão pouco tempo prendemos oito pessoas. Não acho [a duplicidade] prejudicial. Era o momento certo de a Polícia Federal vir em auxílio da Polícia Civil."
O inquérito da PF foi aberto por determinação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Lins ficou contrariado com o fato de a PF não ter repassado à Civil informações sobre a prisão, na sexta, dos soldados Walter Mário Tenório Mariotini Valin e Marcelo Barbosa de Oliveira. "Queremos saber o que justificou [o pedido] para tentar usar também na nossa investigação", disse Lins.
Ontem à tarde, na Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio, o secretário Marcelo Itagiba se reuniu com Lins e os delegados do caso para discutir o desenrolar das investigações. A PF não mandou representantes ao encontro.
Também à tarde, em entrevista coletiva, Prel disse que amanhã os delegados da PF se reunirão com os promotores do caso. Segundo ele, a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança serão convidadas.
Prel disse que não o agrada o pouco contato dos federais com os policiais civis que investigam a matança ocorrida nos municípios de Nova Iguaçu e Queimados.
No sábado, a PF divulgou que já havia indiciado oito suspeitos. Ontem, foi a vez da Polícia Civil divulgar que tinha também oito submetidos a inquérito. Juntando os dois processos, dez policiais militares já foram indiciados -seis tanto no inquérito aberto pela Polícia Federal quanto no aberto pela Polícia Civil. Outros dois estão apenas na lista da PF e mais dois, só na lista da Civil.
"A participação da Polícia Federal é bem-vinda pela experiência. O que é prejudicial é a existência de dois inquéritos", disse Lins.


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