|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MASSACRE NA BAIXADA
Federal e Civil conduzem inquéritos separados
Investigação gera disputa entre polícias no RJ
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Encarregados de investigar em
conjunto a chacina do último dia
31 na Baixada Fluminense, a Polícia Federal e a Polícia Civil do Estado do Rio romperam. Cada
uma abriu um inquérito. Elas não
trocam informações sobre o caso.
O chefe de Polícia Civil, Álvaro
Lins, tornou ontem pública a desavença. "Essa duplicidade é prejudicial e pode resultar não só em
diferenças nas conclusões, mas
até em dificuldades para o Judiciário", afirmou Lins.
À frente das investigações da
PF, o delegado Roberto Prel, diretor regional da superintendência
fluminense, rebateu a reclamação
do chefe de Polícia Civil.
"A resposta está no nosso trabalho. Em tão pouco tempo prendemos oito pessoas. Não acho [a duplicidade] prejudicial. Era o momento certo de a Polícia Federal
vir em auxílio da Polícia Civil."
O inquérito da PF foi aberto por
determinação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
Lins ficou contrariado com o fato de a PF não ter repassado à Civil informações sobre a prisão, na
sexta, dos soldados Walter Mário
Tenório Mariotini Valin e Marcelo Barbosa de Oliveira. "Queremos saber o que justificou [o pedido] para tentar usar também na
nossa investigação", disse Lins.
Ontem à tarde, na Secretaria de
Segurança Pública do Estado do
Rio, o secretário Marcelo Itagiba
se reuniu com Lins e os delegados
do caso para discutir o desenrolar
das investigações. A PF não mandou representantes ao encontro.
Também à tarde, em entrevista
coletiva, Prel disse que amanhã os
delegados da PF se reunirão com
os promotores do caso. Segundo
ele, a Polícia Civil e a Secretaria de
Segurança serão convidadas.
Prel disse que não o agrada o
pouco contato dos federais com
os policiais civis que investigam a
matança ocorrida nos municípios
de Nova Iguaçu e Queimados.
No sábado, a PF divulgou que já
havia indiciado oito suspeitos.
Ontem, foi a vez da Polícia Civil
divulgar que tinha também oito
submetidos a inquérito. Juntando
os dois processos, dez policiais
militares já foram indiciados
-seis tanto no inquérito aberto
pela Polícia Federal quanto no
aberto pela Polícia Civil. Outros
dois estão apenas na lista da PF e
mais dois, só na lista da Civil.
"A participação da Polícia Federal é bem-vinda pela experiência.
O que é prejudicial é a existência
de dois inquéritos", disse Lins.
Texto Anterior: Advogado da vítima afirma que exames indicaram abusos Próximo Texto: Lista de mortos em chacina é alterada Índice
|