São Paulo, terça-feira, 12 de abril de 2005

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Lista de mortos em chacina é alterada

DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Civil retirou da lista de mortos da chacina do último dia 31, na Baixada Fluminense (região metropolitana do Rio), os nomes dos irmãos Luciano e Lenilson de Souza Coutinho.
Segundo disse ontem o chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, em audiência na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, os irmãos não foram mortos pelo grupo que deixou 28 mortos no fim do mês passado.
O número de mortos na chacina, que era de 30, passa então a 29 - já que anteontem morreu Kênia Modesto Dias, 27, que foi baleada na cabeça no bar do Caíque (Nova Iguaçu, cidade na Baixada), onde fazia uma faxina. No local, outras nove pessoas morreram. Ela estava internada no hospital da Posse (Nova Iguaçu) desde a noite da chacina.
Outro homem foi ferido na noite do crime, mas não morreu.
Segundo o chefe de Polícia Civil, os irmãos, mortos no bairro Corumbá (Nova Iguaçu), foram erroneamente identificados inicialmente como vítimas dos matadores. A hipótese da Polícia Civil para o duplo assassinato é a de crime passional. Luciano teria sido morto a mando de sua ex-mulher, cujo nome não foi revelado. O irmão morreu porque estava junto dele.

Atiradores
No depoimento à comissão, Lins disse que as investigações indicam ter havido de quatro a seis atiradores nos dez locais da chacina, mas citou os nomes de sete policiais militares reconhecidos por testemunhas como autores do disparos: Fabiano Gonçalves, José Augusto Moreira Felipe, Júlio César Amaral de Paula, Carlos Jorge Carvalho, Marcos Siqueira, Walter Mário Tenório Valim e Marcelo Barbosa de Oliveira.
Dois outros PMs, Ivonei de Souza e Maurício Montezano, não foram vistos atirando, mas alterando a cena do crime, segundo o chefe de Polícia Civil. Lins afirmou que as investigações não indicam que o cabo Davi Brasil e o soldado Jefferson Alan Ferreira Cavalcante tenham participado da matança.
Suspeitos, Brasil e Cavalcante cumprem prisão administrativa no batalhão da PM (Polícia Militar) em Mesquita (Baixada Fluminense). Lins afirmou não saber o motivo de os dois PMs continuarem detidos.
Também esteve na Assembléia Legislativa o diretor do Departamento de Polícia Técnica e Científica, Roger Ancillotti. Ele disse que foram encontradas cápsulas de balas disparadas da mesma arma em três locais da chacina, o que provaria a migração de um mesmo grupo de assassinos nos diversos locais da matança.
Segundo Ancillotti, a perícia ainda não descobriu as armas usadas pelos matadores. Os peritos examinam 71 pistolas, um revólver calibre 38 e uma escopeta.
No Tribunal de Justiça do Rio, uma testemunha reconheceu sete dos oito policiais conduzidos pela PF. Os oito estão presos. (ST)


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