|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para grupo, uso não leva em conta riscos
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo formado por Instituto do Coração e Universidade de
Brasília, liderado pelo Ministério
do Meio Ambiente, afirma que
falta conhecimento sobre o uso e a
composição do kambô.
"Estamos tentando descobrir
uma forma ética e segura do uso
da vacina por brancos. As pessoas
estão usando sem saber os riscos", acredita Bruno Filizola,
coordenador técnico do Probem
(Programa de Bioprospecção e
Desenvolvimento Sustentável da
Biodiversidade). A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) providencia a proibição do
comércio da substância, após denúncia dos próprios índios de que
ela era vendida pela internet.
No caso da rã de onde se extrai o
kambô, foram patenteadas no exterior deltorfina (usada na isquemia cerebral) e dermorfina (analgésico mais potente que a morfina), segundo a ONG Amazonlink.
Entre os índios katukina, o
kambô é utilizado com dois objetivos principais: ajudar na caça e
combater a preguiça. Ao chegar
aos centros urbanos, porém, a
substância ganhou, simbolicamente, um poder de cura muito
maior e passou a ser encarada por
adeptos de terapias alternativas
como o remédio para todos os
males, segundo a antropóloga
Edilene Coffaci de Lima, que estuda os katukina desde 1991.
"Entre eles [os katukina], o
kambô serve para aguçar os sentidos e como revigorante. Aqui é
completamente diferente, falam
que o kambô serve para tudo. O
que eu percebo é que ele virou
uma panacéia", diz Lima, que integra o grupo do ministério.
"O kambô chega às grandes cidades onde tem sido absorvido
pelo circuito das terapias holísticas alternativas ou novas religiosidades urbanas. Não me surpreenderia se, no futuro, surgisse uma
igreja do "santo Kambô da Luz
Verde", diz a antropóloga Bia Labate, 33, autora do livro "A Reinvenção do Uso da Ayahuasca nos
Centros Urbanos".
(AL)
Texto Anterior: "É como estar na montanha-russa" Próximo Texto: Mortes Índice
|