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CASO RICHTHOFEN
Para a Promotoria, pedido, que não foi concretizado por problemas burocráticos, indica intenção de fuga
Em liberdade, Suzane pediu cidadania alemã
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos nove meses em que esteve
em liberdade provisória, Suzane
von Richthofen, 22, ré confessa da
morte dos pais, tentou conseguir
a cidadania alemã, segundo o Ministério Público de São Paulo. Para o promotor Roberto Tardelli,
essa iniciativa pode significar
uma intenção de fugir.
O pedido de cidadania ao Consulado Geral da Alemanha teria
esbarrado na burocracia. "Pelas
informações, ela teria perdido alguns prazos no fornecimento de
documentos e não conseguiu o
que queria", disse Tardelli.
A assessoria de imprensa do
Consulado da Alemanha disse
que não poderia confirmar a informação porque se trata de "dados pessoais sigilosos".
Mário Sérgio de Oliveira, advogado de Suzane, afirmou desconhecer o pedido, mas apontou o
advogado Denivaldo Barni
-com quem a jovem morava
desde que conseguiu a liberdade
provisória, em junho de 2005-
como o responsável pela defesa
dela na área cível. Barni não quis
falar com a reportagem ontem.
Para o promotor, a concessão
da dupla cidadania e uma possível
fuga de Suzane para a Alemanha
poderiam causar um embaraço
jurídico internacional que poderia terminar na não-responsabilização da jovem pelo crime.
Segundo o juiz criminal aposentado Luiz Flávio Gomes, doutor
em direito penal, a possível dupla
cidadania não livraria Suzane da
prisão em uma eventual condenação. Segundo Gomes, ela poderia
ser presa na Alemanha e trazida
para o Brasil. "Ela poderia ser extraditada porque teria conseguido
a cidadania alemã depois do fato
[o crime]", afirmou.
Cães e talheres
Detalhes do inventário dos bens
da família Richthofen também foram usados pela Promotoria para
pedir a prisão de Suzane, decretada anteontem.
Ela solicitou, segundo Tardelli,
até que três cães de um sítio da família e talheres e outros utensílios
domésticos da casa onde Marísia
e Manfred von Richthofen moravam fossem avaliados.
No inventário, Suzane também
solicitou parte do seguro de vida
dos pais e o pagamento de um salário mensal. O patrimônio da família é avaliado em R$ 2 milhões,
segundo o promotor.
Tardelli afirmou que a disputa
pelos bens da família faz da liberdade de Suzane um risco para o
irmão dela, Andreas, beneficiário
do patrimônio. "Se ela tem forças
para avançar contra os pais, também terá forças para avançar contra o irmão", disse.
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