São Paulo, quarta-feira, 12 de abril de 2006

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CASO RICHTHOFEN

Para a Promotoria, pedido, que não foi concretizado por problemas burocráticos, indica intenção de fuga

Em liberdade, Suzane pediu cidadania alemã

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos nove meses em que esteve em liberdade provisória, Suzane von Richthofen, 22, ré confessa da morte dos pais, tentou conseguir a cidadania alemã, segundo o Ministério Público de São Paulo. Para o promotor Roberto Tardelli, essa iniciativa pode significar uma intenção de fugir.
O pedido de cidadania ao Consulado Geral da Alemanha teria esbarrado na burocracia. "Pelas informações, ela teria perdido alguns prazos no fornecimento de documentos e não conseguiu o que queria", disse Tardelli.
A assessoria de imprensa do Consulado da Alemanha disse que não poderia confirmar a informação porque se trata de "dados pessoais sigilosos".
Mário Sérgio de Oliveira, advogado de Suzane, afirmou desconhecer o pedido, mas apontou o advogado Denivaldo Barni -com quem a jovem morava desde que conseguiu a liberdade provisória, em junho de 2005- como o responsável pela defesa dela na área cível. Barni não quis falar com a reportagem ontem.
Para o promotor, a concessão da dupla cidadania e uma possível fuga de Suzane para a Alemanha poderiam causar um embaraço jurídico internacional que poderia terminar na não-responsabilização da jovem pelo crime.
Segundo o juiz criminal aposentado Luiz Flávio Gomes, doutor em direito penal, a possível dupla cidadania não livraria Suzane da prisão em uma eventual condenação. Segundo Gomes, ela poderia ser presa na Alemanha e trazida para o Brasil. "Ela poderia ser extraditada porque teria conseguido a cidadania alemã depois do fato [o crime]", afirmou.

Cães e talheres
Detalhes do inventário dos bens da família Richthofen também foram usados pela Promotoria para pedir a prisão de Suzane, decretada anteontem.
Ela solicitou, segundo Tardelli, até que três cães de um sítio da família e talheres e outros utensílios domésticos da casa onde Marísia e Manfred von Richthofen moravam fossem avaliados.
No inventário, Suzane também solicitou parte do seguro de vida dos pais e o pagamento de um salário mensal. O patrimônio da família é avaliado em R$ 2 milhões, segundo o promotor.
Tardelli afirmou que a disputa pelos bens da família faz da liberdade de Suzane um risco para o irmão dela, Andreas, beneficiário do patrimônio. "Se ela tem forças para avançar contra os pais, também terá forças para avançar contra o irmão", disse.


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