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Protetor era amigo de
Manfred Richthofen
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
Protetor de Suzane Richthofen,
o advogado Denivaldo Barni virou notícia no último final de semana, quando foi visto na TV por
milhões de brasileiros de mãos
dadas com a garota, a instruindo
durante entrevista ao programa
"Fantástico", da Rede Globo. Mas
seu envolvimento no caso é mais
antigo e muito mais intenso do
que as imagens mostraram.
Barni, 51, era amigo íntimo do
pai de Suzane, Manfred. Nos anos
90 eles trabalharam juntos na
Dersa, a empresa do governo paulista responsável pelas estradas do
Estado. Barni era assessor do departamento jurídico. Já Manfred
trabalhava na área de engenharia
-foi um dos responsáveis pelo
projeto do Rodoanel.
Tímido e compenetrado no trabalho, Manfred era um dos amigos com quem Barni saía para
jantar depois do expediente. Eles
freqüentavam a casa um do outro
-e foi numa dessas visitas que o
advogado conheceu Suzane.
Barni até hoje se refere a ela como "criança", segundo diversos
relatos feitos à Folha por pessoas
que conviveram com o advogado.
Outro fato importante na relação entre os dois ocorreu quando
Suzane estudava direito na PUC.
O advogado cogitou sua contratação como estagiária no escritório.
A primeira vez que Barni se
aproximou de Suzane após a
morte do casal Richthofen foi no
enterro. Há fotos feitas na ocasião
em que o advogado aparece logo
atrás da garota no cemitério. Dias
depois, Suzane confessou ter participado do crime. Apesar disso, o
advogado não a abandonou.
Quando o crime começou a tomar as manchetes dos jornais,
Barni foi designado pela direção
da Dersa para acompanhar o inquérito policial. No ano seguinte
ele passou a proteger a garota, numa relação que se prolongou até
mesmo durante o período em que
esteve presa na Penitenciária Feminina do Carandiru e no Centro
de Ressocialização de Rio Claro,
no interior paulista.
O advogado a visitava quase todos os dias. Muitas vezes levava
uma pizza para comer. Passavam
horas no pátio de mãos dadas.
No dia 29 de junho de 2005, Suzane ganhou liberdade até o julgamento, após um habeas corpus
obtido pelo advogado Antônio
Cláudio Mariz de Oliveira. Em fevereiro deste ano ele deixou a defesa. Assumiram em seu lugar os
advogados Denivaldo Barni Júnior, o filho do protetor de Suzane, e Mário Sérgio de Oliveira.
Foi Barni quem definiu os nomes dos novos advogados de defesa. Vetou inclusive a indicação
feita por Mariz, que já havia dito
anteriormente que não continuaria no caso durante o julgamento.
Após o período na cadeia de Rio
Claro, Suzane passou meses tentando se esconder da imprensa.
Mas foi flagrada pela TV Record,
em janeiro deste ano, passeando
em Ubatuba, no litoral norte, onde se hospedou na casa de Barni e
da mulher, Vera, de quem Suzane
também é muito próxima e chama de "mãe".
O carinho entre Suzane e o advogado transparece nos apelidos
mútuos -criança e papai- e em
cartas que a garota lhe enviou. Decoradas com desenhos em forma
de coração e de flores, ela escreveu
na prisão: "Meu paizão Barni esteve aqui no domingo".
Tido por amigos como "caxias"
no trabalho e superformal até em
conversas descontraídas, Barni,
que ostenta barba e óculos de aros
finos, sempre afirma a interlocutores estar convicto de que Suzane foi manipulada pelos irmãos
Cravinhos.
Ele integrava o conselho de ética
da OAB-SP. Mas se afastou do
cargo até o julgamento de sua
protegida, que deve acontecer entre agosto e setembro deste ano.
Até lá, Barni continuará na cola
de Suzane, atrás das grades ou em
liberdade, repetindo a todos que
ela "está na companhia de pessoas com Cristo no coração".
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