São Paulo, quarta-feira, 12 de abril de 2006

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Protetor era amigo de Manfred Richthofen

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Protetor de Suzane Richthofen, o advogado Denivaldo Barni virou notícia no último final de semana, quando foi visto na TV por milhões de brasileiros de mãos dadas com a garota, a instruindo durante entrevista ao programa "Fantástico", da Rede Globo. Mas seu envolvimento no caso é mais antigo e muito mais intenso do que as imagens mostraram.
Barni, 51, era amigo íntimo do pai de Suzane, Manfred. Nos anos 90 eles trabalharam juntos na Dersa, a empresa do governo paulista responsável pelas estradas do Estado. Barni era assessor do departamento jurídico. Já Manfred trabalhava na área de engenharia -foi um dos responsáveis pelo projeto do Rodoanel.
Tímido e compenetrado no trabalho, Manfred era um dos amigos com quem Barni saía para jantar depois do expediente. Eles freqüentavam a casa um do outro -e foi numa dessas visitas que o advogado conheceu Suzane.
Barni até hoje se refere a ela como "criança", segundo diversos relatos feitos à Folha por pessoas que conviveram com o advogado.
Outro fato importante na relação entre os dois ocorreu quando Suzane estudava direito na PUC. O advogado cogitou sua contratação como estagiária no escritório.
A primeira vez que Barni se aproximou de Suzane após a morte do casal Richthofen foi no enterro. Há fotos feitas na ocasião em que o advogado aparece logo atrás da garota no cemitério. Dias depois, Suzane confessou ter participado do crime. Apesar disso, o advogado não a abandonou.
Quando o crime começou a tomar as manchetes dos jornais, Barni foi designado pela direção da Dersa para acompanhar o inquérito policial. No ano seguinte ele passou a proteger a garota, numa relação que se prolongou até mesmo durante o período em que esteve presa na Penitenciária Feminina do Carandiru e no Centro de Ressocialização de Rio Claro, no interior paulista.
O advogado a visitava quase todos os dias. Muitas vezes levava uma pizza para comer. Passavam horas no pátio de mãos dadas.
No dia 29 de junho de 2005, Suzane ganhou liberdade até o julgamento, após um habeas corpus obtido pelo advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira. Em fevereiro deste ano ele deixou a defesa. Assumiram em seu lugar os advogados Denivaldo Barni Júnior, o filho do protetor de Suzane, e Mário Sérgio de Oliveira.
Foi Barni quem definiu os nomes dos novos advogados de defesa. Vetou inclusive a indicação feita por Mariz, que já havia dito anteriormente que não continuaria no caso durante o julgamento.
Após o período na cadeia de Rio Claro, Suzane passou meses tentando se esconder da imprensa. Mas foi flagrada pela TV Record, em janeiro deste ano, passeando em Ubatuba, no litoral norte, onde se hospedou na casa de Barni e da mulher, Vera, de quem Suzane também é muito próxima e chama de "mãe".
O carinho entre Suzane e o advogado transparece nos apelidos mútuos -criança e papai- e em cartas que a garota lhe enviou. Decoradas com desenhos em forma de coração e de flores, ela escreveu na prisão: "Meu paizão Barni esteve aqui no domingo".
Tido por amigos como "caxias" no trabalho e superformal até em conversas descontraídas, Barni, que ostenta barba e óculos de aros finos, sempre afirma a interlocutores estar convicto de que Suzane foi manipulada pelos irmãos Cravinhos.
Ele integrava o conselho de ética da OAB-SP. Mas se afastou do cargo até o julgamento de sua protegida, que deve acontecer entre agosto e setembro deste ano.
Até lá, Barni continuará na cola de Suzane, atrás das grades ou em liberdade, repetindo a todos que ela "está na companhia de pessoas com Cristo no coração".


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