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URBANISMO
Construção tem mais andares do que o permitido pela legislação
Aeronáutica faz prédio irregular em Salvador
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
A Aeronáutica alegou "questões
de segurança nacional" para
construir um imóvel irregular de
três andares, de frente para o mar,
em Ondina, uma das áreas mais
valorizadas de Salvador. No documento encaminhado à prefeitura municipal, há até referência
ao ataque terrorista de 11 de setembro de 2001.
No local, a legislação municipal
só permite edificações de dois pavimentos, no máximo. De acordo
com a Aeronáutica, no prédio serão realizados seminários e conferências para discutir o "sistema de
controle do espaço aéreo brasileiro, o Sistema de Vigilância da
Amazônia, sistema de aviação civil brasileira, perigos aeroviários,
infra-estrutura aeroviária, aviação de patrulha marítima e caça".
Quando pediu a autorização para alterar a legislação, o então comandante da Base Aérea de Salvador, Narcélio Ramos Ribeiro,
protocolou na prefeitura um documento alegando o motivo.
"A construção de um local
apropriado para a realização de
convenções destinadas à discussão de assuntos intimamente relacionados ao combate das ameaças de ordens diversas que circundam a Nação, promovendo-se o
necessário preparo dos militares
das Forças Armadas, demonstra-se extremamente relevante."
"O natural sigilo dos estratagemas militares e do debate sobre a
aplicação de novas tecnologias reclama instalações de acesso restrito, hermeticamente guardadas de
incursos estranhos e daninhos ao
processo de forja das premissas
de segurança."
Mais adiante, o então comandante acrescentou: "Não há que
se duvidar da íntima correlação
entre a construção do Cemcoha
(Centro Militar de Convenções e
Hospedagem da Aeronáutica) e
os preceitos definidores da segurança nacional".
Na mesma região onde a Aeronáutica está construindo o seu
centro existem prédios com mais
de dois andares. "Acontece que
todos eles foram construídos antes da atual legislação, que é de
2004 ", disse Itamar Batista, secretário do Planejamento, Urbanismo e Meio Ambiente de Salvador.
Ele nega qualquer tipo de favorecimento à Aeronáutica. O terreno
onde está sendo construída a obra
pertence à Aeronáutica desde os
anos 1960.
O vice-presidente do IAB (Instituto dos Arquitetos da Bahia),
Daniel Colina, disse que o órgão
defende o cumprimento da legislação. "Se prevê dois andares, as
edificações devem cumprir a lei."
Ele afirmou que não tinha nenhuma informação sobre o acordo
entre a prefeitura e a Aeronáutica.
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