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SAÚDE
Pesquisa de médicos brasileiros afirma que amifostina diminui efeitos colaterais de técnica de tratamento do câncer
Droga reduz dano de radioterapia, diz estudo
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Médicos do Núcleo Brasileiro de
Oncologia Baseada em Evidências, com sede em Campinas (95
km de São Paulo), comprovam
que a adição da droga amifostina
à terapia de radiação (radioterapia) reduz os efeitos colaterais no
tratamento de todos os tipos de
câncer e não protege o tumor.
Antes da pesquisa, a droga era
utilizada somente em casos de
tratamento de câncer na cabeça e
no pescoço, e alguns médicos suspeitavam que o medicamento
também protegia o tumor da radiação, segundo o coordenador
da pesquisa, André Deeke Sasse.
Na maioria dos casos de tratamento de câncer, os efeitos colaterais podem ser tão severos que o
procedimento tem de ser interrompido.
Entre os efeitos colaterais provocados pela terapia de radiação
estão a secura da boca, a dificuldade de engolir, a inflamação do
pulmão e da bexiga, problemas
com o esôfago e a inflamação e feridas nas membranas mucosas.
O estudo foi publicado na edição de março de um dos principais jornais sobre o tema -o "International Journal of Radiation
Oncology Biological Physics", conhecido como "Red Journal", que
é o informativo oficial da Astro
(Sociedade Americana para Terapia Radiológica e Oncologia).
Confiabilidade
Foram pesquisados 1.451 pacientes. O estudo tem o nível de
evidência número um, ou seja, o
de maior confiabilidade.
A amifostina é uma substância
que protege as células normais
contra a radiação e é pesquisada
desde a década de 70. A droga foi
desenvolvida nos EUA durante a
Guerra Fria para proteger as tropas de um eventual enfrentamento nuclear.
"Não sabíamos, anteriormente,
se a droga, além de minimizar os
efeitos colaterais, protegia o tumor do tratamento. Agora provamos com segurança que a amifostina não provoca redução na atividade antitumoral da radioterapia", afirmou Sasse.
O estudo teve início em 2003
por meio da chamada metanálise
-revisão sistemática da literatura- de 14 pesquisas mundiais
que tratam do tema. Os 1.451 pacientes foram divididos em dois
grupos: um somente para a realização da terapia de radiação e o
outro para a radioterapia com a
adição da amifostina. O estudo foi
concluído em julho de 2005.
Radioterapia
A radioterapia isolada, ou em
combinação com a quimioterapia, é hoje uma das principais estratégias no tratamento contra o
câncer. "No entanto, devido aos
seus efeitos colaterais agudos, a
dose inicialmente planejada da
radioterapia é por vezes reduzida,
e o tratamento pode ser interrompido e até suspenso."
Desde a descoberta da amifostina, cerca de 400 estudos clínicos já
foram realizados com o medicamento. "A pesquisa dos médicos
brasileiros é a mais nova, contundente e segura em apontar a diminuição dos efeitos colaterais e a
potencialização do tratamento
com o uso do remédio", diz Sasse.
Os especialistas recomendam
agora que os pacientes que se submetem ao tratamento de radioterapia questionem seus médicos
sobre a adição da droga.
Apenas um laboratório no Brasil produz a droga, que custa, em
média, R$ 300 a ampola. O remédio não é distribuído pelo SUS.
O núcleo que fez o estudo agora
deve informar o resultado ao Ministério da Saúde para que a bula
da amifostina seja alterada.
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