São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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Assalto a banco faz 50 pessoas reféns em São Paulo

Da mesa cirúrgica do hospital, ladrão baleado pôs fim ao roubo e determinou que os outros criminosos se rendessem

Após negociação, cinco assaltantes foram presos pela PM; eles são suspeitos de pelo menos outros dez assaltos na cidade de SP

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Deitado na mesa cirúrgica de um hospital em Itaquera (zona leste de SP), para onde foi levado após ser ferido por PMs com um tiro nas costas e outro na perna, o assaltante Wellington Calado, 26, determinou ontem o fim de um assalto a banco que, durante mais de uma hora, teve 50 pessoas reféns.
O assalto ao banco Itaú da rua Harry Dannenberg, na Vila Carmosina, em Itaquera, começou por volta das 11h30 de ontem, quando um dos seis ladrões que participaram do crime passou pela porta giratória da agência, armado com uma pistola 380, e rendeu um dos três vigias do local, que portavam revólveres calibre 38.
Dentro da agência, outros quatro ladrões, todos eles até então desarmados, esperavam a ação.
Os ladrões fizeram reféns dentro do Itaú e, diante da ameaça de que iriam matar quem reagisse, desarmaram e renderam os outros dois vigilantes do banco.
Com cerca de 50 pessoas dominadas, entre clientes e funcionários, os cinco ladrões passaram a mandar parte dos reféns para o banheiro da agência. Enquanto isso, eles recolhiam o dinheiro dos caixas.
Em poucos minutos, o bando já tinha um saco cheio de dinheiro e começou a se preparar para fugir. O primeiro a ganhar a calçada foi Wellington Calado, responsável por carregar o dinheiro. Assim que cruzou a porta, um carro da PM passava bem em frente ao banco e os policiais perceberam o assalto. Houve tiroteio e Wellington foi baleado.
Os outro quatro criminosos, um deles Cleber Calado, 24, irmão de Wellington, abortaram a fuga e voltaram para dentro da agência, onde fizeram os 50 reféns até por volta das 13h. Um ladrão que aguardava o bando do lado de fora do banco fugiu. Wellington foi levado para o hospital.

Negociação
Assim que soube do assalto, o capitão da PM Robson Silva da Cruz, 40, especialista em gerenciamento de crises, foi para a porta do Itaú e, por meio de telefones celulares, começou a negociar com os criminosos a libertação dos reféns.
A cada exigência dos criminosos, o capitão exigia a libertação de um determinado número de reféns. Por volta das 12h10, um homem que passou mal e uma funcionária do banco grávida foram libertados.
O desfecho da negociação entre Cruz e Cleber Calado se deu quando o assaltante, extremamente exaltado por saber que o irmão estava baleado, exigiu falar com ele pelo telefone.
Do centro cirúrgico do Hospital Santa Marcelina, o irmão mais velho, prestes a ser sedado, deu a ordem para o mais novo por telefone: "Se entreguem porque a casa caiu pra nós. Eu tô vivo, já era."
Além dos irmãos Calado, foram presos Alexandre dos Santos Teixeira, 24, que era foragido da Justiça, Robson Costa Mendes, 27, procurado por roubo, e Erik Campos da Silva, 24. O grupo é suspeito de outros dez assaltos a bancos.
Nenhum dos presos tinha constituído advogado de defesa até a noite de ontem. A polícia não permitiu que os presos falassem com a reportagem.


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