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Invasões de sem-teto são legítimas, diz secretária
Para a secretária nacional de Habitação, atos são para chamar a atenção da sociedade
Declaração foi dada no dia em que movimento promoveu invasões e manifestações em 11 Estados e no Distrito Federal
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A secretária nacional de Habitação, Inês da Silva Magalhães, 44, afirmou ontem que
são "legítimas" as diferentes
ações dos movimentos de sem-teto pelo país. Filiada ao PT, ela
compara as manifestações, como acampamentos e invasões a
prédios, às promovidas por militantes do Greenpeace.
A afirmação foi feita ontem,
quando movimentos de todo o
país promoveram invasões,
bloqueios de vias e atos em pelo
menos 11 Estados -MG, SP,
BA, AL, PE, MA, CE, RJ, SE, PR
e SC- e no Distrito Federal.
"São manifestações que são
legítimas no sentido de chamar
a atenção da sociedade para esse tema, assim como o Greenpeace se amarra no casco de um
navio. Cada movimento da sociedade e cada organização tem
a sua estratégia de manifestação", disse a secretária nacional
do Ministério das Cidades.
Questionada se tais ações,
como as invasões a prédios, se
justificam, ela afirmou: "Como
em qualquer questão, o bom
senso e o equilíbrio são fundamentais. É importante que se
tenha permanentemente espaços de negociação para que justamente você evite situações
que tenham que chegar ao limite de uma reintegração [de posse, via Polícia Militar]".
Ela negociou ontem com
sem-teto acampados em frente
ao ministério. Um dos problemas, diz ela, está na burocracia
para o financiamento de moradias a famílias de baixa renda.
Segundo o ministério, em todo o governo Lula, entre 2003 e
o início de 2007, foram investidos R$ 37,6 bilhões em habitação. Isso inclui recursos para
"produção e aquisição de moradias, urbanização de assentamentos, aquisição de material
de construção", entre outros.
Invasões
As invasões promovidas ontem em todo o país foram convocadas pela União Nacional
por Moradia Popular (UNMP).
O objetivo, segundo o movimento, é cobrar dos governos
municipais, estadual e federal
programas de moradia popular.
As invasões foram pacíficas e,
em sua maioria, duraram só algumas horas. Em São Paulo, foram três invasões e uma tentativa frustrada, além de duas
manifestações. As ações conjuntas foram decididas em assembléia nacional, com as mais
de 270 entidades que compõem
a União, há cinco meses.
O movimento diz não ter ligações com partidos políticos e
se mantém com recursos de
ONGs ligadas à Igreja Católica,
principalmente fora do Brasil, e
com a contribuição de militantes. Uma parte substancial das
lideranças é filiada ao PT.
Líderes do movimento afirmam que as ações de ontem
não foram articuladas com o
MST (Movimento dos Sem-Terra), que tem promovido invasões pelo país.
No centro de São Paulo, quase 150 pessoas invadiram prédio abandonado da Caixa Econômica, no centro. Eles saíram
pacificamente 40 minutos depois com a chegada da PM.
Outras 300 pessoas entraram num terreno em Sapopemba (zona leste). Em Caieiras, na Grande São Paulo, 150
pessoas ocuparam dois prédios.
Além disso, o movimento
realizou um acampamento em
frente à Caixa Econômica Federal, na praça da Sé, de onde os
sem-teto seguiram em passeata
até a avenida Rangel Pestana
-onde, também na madrugada, houve uma tentativa de invasão frustrada pela polícia.
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