São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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Invasões de sem-teto são legítimas, diz secretária

Para a secretária nacional de Habitação, atos são para chamar a atenção da sociedade

Declaração foi dada no dia em que movimento promoveu invasões e manifestações em 11 Estados e no Distrito Federal

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A secretária nacional de Habitação, Inês da Silva Magalhães, 44, afirmou ontem que são "legítimas" as diferentes ações dos movimentos de sem-teto pelo país. Filiada ao PT, ela compara as manifestações, como acampamentos e invasões a prédios, às promovidas por militantes do Greenpeace.
A afirmação foi feita ontem, quando movimentos de todo o país promoveram invasões, bloqueios de vias e atos em pelo menos 11 Estados -MG, SP, BA, AL, PE, MA, CE, RJ, SE, PR e SC- e no Distrito Federal.
"São manifestações que são legítimas no sentido de chamar a atenção da sociedade para esse tema, assim como o Greenpeace se amarra no casco de um navio. Cada movimento da sociedade e cada organização tem a sua estratégia de manifestação", disse a secretária nacional do Ministério das Cidades.
Questionada se tais ações, como as invasões a prédios, se justificam, ela afirmou: "Como em qualquer questão, o bom senso e o equilíbrio são fundamentais. É importante que se tenha permanentemente espaços de negociação para que justamente você evite situações que tenham que chegar ao limite de uma reintegração [de posse, via Polícia Militar]".
Ela negociou ontem com sem-teto acampados em frente ao ministério. Um dos problemas, diz ela, está na burocracia para o financiamento de moradias a famílias de baixa renda.
Segundo o ministério, em todo o governo Lula, entre 2003 e o início de 2007, foram investidos R$ 37,6 bilhões em habitação. Isso inclui recursos para "produção e aquisição de moradias, urbanização de assentamentos, aquisição de material de construção", entre outros.

Invasões
As invasões promovidas ontem em todo o país foram convocadas pela União Nacional por Moradia Popular (UNMP). O objetivo, segundo o movimento, é cobrar dos governos municipais, estadual e federal programas de moradia popular.
As invasões foram pacíficas e, em sua maioria, duraram só algumas horas. Em São Paulo, foram três invasões e uma tentativa frustrada, além de duas manifestações. As ações conjuntas foram decididas em assembléia nacional, com as mais de 270 entidades que compõem a União, há cinco meses.
O movimento diz não ter ligações com partidos políticos e se mantém com recursos de ONGs ligadas à Igreja Católica, principalmente fora do Brasil, e com a contribuição de militantes. Uma parte substancial das lideranças é filiada ao PT.
Líderes do movimento afirmam que as ações de ontem não foram articuladas com o MST (Movimento dos Sem-Terra), que tem promovido invasões pelo país.
No centro de São Paulo, quase 150 pessoas invadiram prédio abandonado da Caixa Econômica, no centro. Eles saíram pacificamente 40 minutos depois com a chegada da PM.
Outras 300 pessoas entraram num terreno em Sapopemba (zona leste). Em Caieiras, na Grande São Paulo, 150 pessoas ocuparam dois prédios.
Além disso, o movimento realizou um acampamento em frente à Caixa Econômica Federal, na praça da Sé, de onde os sem-teto seguiram em passeata até a avenida Rangel Pestana -onde, também na madrugada, houve uma tentativa de invasão frustrada pela polícia.


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