São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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Mulher e idoso são a maioria dos invasores

LAURA CAPRIGLIONE
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O lixão está desativado há 20 anos. Calcula-se que o antigo aterro Sapopemba (zona leste de SP), tenha recebido 576 mil toneladas de dejetos. Toda a área ainda exala o cheiro acre da matéria orgânica em decomposição. Pois foi justamente o terreno grudado ao antigo aterro, área suspeita de contaminação, que 300 famílias sem-teto escolheram para invadir na madrugada de ontem.
Debaixo da lona preta montada no terreno, uma fogueira para aquecer, a maioria é de mulheres, na proporção de duas para cada homem. O cenário repete-se nas outras quatro ações na cidade. "Todas são chefes de família", diz Lucimara do Rosário Santos, coordenadora do acampamento.
No prédio da praça Roosevelt, centro da cidade, também invadido ontem, bastou alguém acender a luz do salão para que se vissem os rostos dos cerca de 150 invasores: a maioria era de idosos, deficientes (vários em cadeiras de rodas) e mulheres.
Camelôs e faxineiras sem registro em carteira são as principais atividades. Dados do Ministério das Cidades dão conta de que, no Estado de São Paulo, além dos 4 milhões que vivem em loteamentos irregulares, favelas, áreas de risco e de mananciais, e dos 2 milhões que moram em cortiços, existem 2 milhões de pessoas que se espremem "de favor" em casa de amigos, vizinhos e parentes, ou pagando taxa mínima de manutenção.
Os movimentos de moradia, que se multiplicam como clubes pela cidade, cadastram esse "excesso de contingente" e promovem reuniões (pelo menos duas por mês) para organizar as ações.
Nas invasões da periferia, é comum familiares que dividem uma moradia superlotada proverem o apoio logístico ao parente acampado em uma invasão, levando-lhe suprimentos, água e cobertor.


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