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Mulher e idoso são a maioria dos invasores
LAURA CAPRIGLIONE
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O lixão está desativado há
20 anos. Calcula-se que o antigo aterro Sapopemba (zona
leste de SP), tenha recebido
576 mil toneladas de dejetos.
Toda a área ainda exala o
cheiro acre da matéria orgânica em decomposição. Pois
foi justamente o terreno grudado ao antigo aterro, área
suspeita de contaminação,
que 300 famílias sem-teto
escolheram para invadir na
madrugada de ontem.
Debaixo da lona preta
montada no terreno, uma fogueira para aquecer, a maioria é de mulheres, na proporção de duas para cada homem. O cenário repete-se
nas outras quatro ações na
cidade. "Todas são chefes de
família", diz Lucimara do
Rosário Santos, coordenadora do acampamento.
No prédio da praça Roosevelt, centro da cidade, também invadido ontem, bastou
alguém acender a luz do salão para que se vissem os rostos dos cerca de 150 invasores: a maioria era de idosos,
deficientes (vários em cadeiras de rodas) e mulheres.
Camelôs e faxineiras sem
registro em carteira são as
principais atividades. Dados
do Ministério das Cidades
dão conta de que, no Estado
de São Paulo, além dos 4 milhões que vivem em loteamentos irregulares, favelas,
áreas de risco e de mananciais, e dos 2 milhões que
moram em cortiços, existem
2 milhões de pessoas que se
espremem "de favor" em casa de amigos, vizinhos e parentes, ou pagando taxa mínima de manutenção.
Os movimentos de moradia, que se multiplicam como
clubes pela cidade, cadastram esse "excesso de contingente" e promovem reuniões (pelo menos duas por
mês) para organizar as ações.
Nas invasões da periferia, é
comum familiares que dividem uma moradia superlotada proverem o apoio logístico ao parente acampado em
uma invasão, levando-lhe suprimentos, água e cobertor.
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