São Paulo, domingo, 12 de maio de 2002

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ENTREVISTA

Escolas da dor melhoram vida de pacientes

DA REPORTAGEM LOCAL

A dor não passou, mas a vida dos pacientes mudou completamente. Este foi o resultado que pessoas com osteoporose, fibromialgia e outras doenças que causam dor crônica tiveram depois de passar pelos programas de educação continuada sobre o problema do Hospital das Clínicas de São Paulo. Entre os dias 16 e 18 de maio o hospital realizará o I Simpósio de Dor Crônica para difundir este e outros conceitos entre profissionais de saúde.
Pesquisa de 1995 com 1.750 pessoas mostrou que entre 30% e 35% dos indivíduos ouvidos no país apresentavam dor crônica.
A médica fisiatra Lin Tchia Yeng, 38, chefe do grupo de dor músculo-esquelética do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do hospital, falou na última sexta-feira sobre as "escolas da dor".

Folha - Quando e como surgiu o conceito de "escolas da dor"?
Lin Tchia Yeng -
Surgiu na década de 70, a partir das escolas de coluna criadas na Suécia. Consistia em um grupo terapêutico de educação, em que os médicos e fisioterapeutas ensinavam os cuidados com a mecânica do movimento do corpo. Com o tempo, observou-se que não bastava apenas dar exercícios e orientar posturas. Há necessidade de cuidar do aspecto biopsicossocial do indivíduo e do adoecimento. O estresse e o suporte psicossocial são fundamentais para o adoecimento ou não. Criou-se então modelos interdisciplinares de tratar. É importante os doentes aprenderem o porquê do adoecimento. Estratégias de enfrentamento ativo são ensinadas aos grupos, com enfoque teórico e prático.

Folha - Existem avaliações recentes deste trabalho?
Lin -
Desde 1994 a Divisão de Medicina Física do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do hospital desenvolve programas educativos. Todos os indivíduos que participaram já tinham sido submetidos também a intervenções de reabilitação multidisciplinar no ambulatório de dor músculo-esquelética. Houve diminuição do uso de medicamentos em um acompanhamento de dois anos após o término do programa educativo. A média de intensidade da dor não variou muito. Entretanto, a dor já não os incomodava tanto: 18,5% estavam trabalhando antes do programa. Depois, eram 58,2%.
Os relacionamentos na família e no emprego foram considerados "bons" em 18,5% dos casos antes do início do programa e melhoraram para 58,2% no segundo ano após o término.

Folha - A partir de que momento a dor é considerada crônica?
Lin -
Alguns definem como dores que continuam após três meses. Os doentes devem procurar por um profissional que tenha capacidade de investigar as causas. E não esquecer de hábitos saudáveis, como controlar o estresse, sono e alimentação adequados, bom condicionamento físico e bom suporte psicossocial.


Mais informações sobre o simpósio pelo telefone 0/xx/11/3069-6950


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