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SEGURANÇA
Promotor de SP diz que lei penal brasileira é pífia e que críticos do seu endurecimento querem beneficiar clientes
"Movimento legisla em causa própria"
DA REPORTAGEM LOCAL
Na avaliação do promotor Carlos Cardoso, assessor especial de
direitos humanos da Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo, o
movimento contra o endurecimento da legislação penal (batizado de Movimento Antiterror),
formado principalmente por advogados criminalistas, é apenas
uma estratégia com o objetivo de
"legislar em causa própria".
Segundo ele, "alguns" advogados pensam apenas em se beneficiar e beneficiar seus clientes.
"Eles vêem sob a ótica do interesse dos criminosos. Mas temos de
ver sob a ótica da sociedade."
Além dos criminalistas, ex-ministros da Justiça, promotores,
magistrados, professores e entidades assinam o manifesto que
será entregue hoje ao ministro
Márcio Thomaz Bastos. É a primeira reação contra o projeto de
endurecer a legislação penal.
Cardoso disse que a Lei de Crimes Hediondos é um péssimo
exemplo a ser usado para se criticar o endurecimento da legislação. "Se os crimes não diminuíram é porque essa lei não é tão rigorosa quanto deveria ser."
Ele classificou a lei penal brasileira como "pífia". "Seis anos. É o
que vale uma vida no Brasil", disse, referindo-se ao tempo médio
que o autor de um homicídio qualificado fica na cadeia, graças ao
benefícios de progressão de pena.
Cardoso afirmou também que
só o endurecimento da legislação
não vai trazer resultados, mas já é
um primeiro passo. "Alguns advogados têm interesse nessa legislação pífia", sustentou.
O promotor salientou que muitos profissionais de renome que
hoje são contrários ao endurecimento participaram, em outras
situações, na elaboração da legislação atual. "Essa legislação não
existe por acaso", disse.
(GILMAR PENTEADO)
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