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São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2003

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RIO

Com apenas 12 dias, gestão de Garotinho já pode ter superado marca de cem vítimas por mês em confrontos com policiais

Civis mortos por polícia devem bater recorde

Marco Antonio Rezende/Folha Imagem
PM vigia entrada do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio


TALITA FIGUEIREDO E
MARIO HUGO MONKEN

DA SUCURSAL DO RIO

A polícia do Rio deve bater o recorde de mortos em confrontos com policiais neste mês. Com apenas 12 dias no comando da Secretaria de Segurança Pública do Rio, o secretário Anthony Garotinho afirmou anteontem que "mais de cem criminosos já morreram em confronto com a polícia" desde que ele assumiu.
Essa marca de mais de cem mortes, anunciada pelo secretário anteontem em seu programa de rádio em tom de comemoração, só foi superada em três meses desde agosto de 1999: novembro do ano passado (105), fevereiro deste ano (111) e março (113) deste ano.
O número anunciado por Garotinho ainda não é oficial porque as estatísticas deste mês ficarão prontas apenas no mês que vem. Os registros oficiais mostram que o aumento de mortes em confrontos com a Polícia Militar é uma tendência que vem crescendo nos últimos 12 meses.
Só na última sexta-feira, oito supostos criminosos morreram durante uma operação da Polícia Civil no morro da Mineira (zona norte da cidade).

Equívoco
A política de aumento do confronto com traficantes não é unanimidade entre os especialistas em segurança pública. Para o sociólogo Ignácio Cano, o crescimento do número de mortes em confrontos com os policiais só tende a aumentar ainda mais a violência no Estado.
Segundo ele, a maioria das vítimas é do terceiro escalão do tráfico de drogas e suas mortes não vão desmantelar as redes do crime organizado, já que elas serão posteriormente substituídas.
Cano afirmou que há uma cultura equivocada no Rio de se pensar que "segurança pública é confronto". "Segurança pública é sobretudo investigação e combate à corrupção. Se confronto fosse a solução, já teríamos resolvido o problema da violência no Rio há muito tempo", declarou.

Policiais mortos
O número de policiais assassinados também tem aumentado neste ano. Até ontem, 72 policiais, entre civis e militares, foram mortos no Estado, um índice 80% superior ao registrado nos cinco primeiros meses do ano passado, quando 40 foram assassinados.
Na madrugada de ontem, o tenente do 1º Batalhão Carlos Augusto da Silva Santos foi morto com tiros de fuzil em Madureira (zona norte). Ele estava dirigindo sua picape prata quando foi atacado. O carro do tenente foi encontrado horas depois no morro do Juramento (Vicente de Carvalho, zona norte).
Na manhã, dois policiais militares morreram e um ficou ferido depois de serem atacados a tiros por um grupo de traficantes no complexo de favelas do Alemão (zona norte). Após o confronto, Garotinho determinou a ocupação do complexo.
Os policiais estavam dentro de dois carros e iriam render os colegas que trabalham no posto de policiamento comunitário do morro da Fazendinha, no complexo, quando cerca de dez traficantes com toucas e armados com fuzis atiraram contra eles.
Os cabos Sidney José da Silva Pacheco, 33, e José Augusto Cerdeira, 33, morreram pouco depois de chegar ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha (zona norte). O soldado Marcelo Sales de Oliveira foi ferido na perna e não corre risco de morrer.
À tarde, um outro PM foi baleado durante um tiroteio no morro da Lagartixa, em Costa Barros (zona norte). Ele não corre risco de morte.
Equipes de quatro batalhões da PM (Polícia Militar) e o Bope (Batalhão de Operações Especiais da PM) participaram da busca aos autores dos tiros. Um helicóptero foi usado na operação.


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