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RIO
Com apenas 12 dias, gestão de Garotinho já pode ter superado marca de cem vítimas por mês em confrontos com policiais
Civis mortos por polícia devem bater recorde
Marco Antonio Rezende/Folha Imagem
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PM vigia entrada do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio |
TALITA FIGUEIREDO E
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A polícia do Rio deve bater o recorde de mortos em confrontos
com policiais neste mês. Com
apenas 12 dias no comando da Secretaria de Segurança Pública do
Rio, o secretário Anthony Garotinho afirmou anteontem que
"mais de cem criminosos já morreram em confronto com a polícia" desde que ele assumiu.
Essa marca de mais de cem
mortes, anunciada pelo secretário
anteontem em seu programa de
rádio em tom de comemoração,
só foi superada em três meses desde agosto de 1999: novembro do
ano passado (105), fevereiro deste
ano (111) e março (113) deste ano.
O número anunciado por Garotinho ainda não é oficial porque as
estatísticas deste mês ficarão
prontas apenas no mês que vem.
Os registros oficiais mostram que
o aumento de mortes em confrontos com a Polícia Militar é
uma tendência que vem crescendo nos últimos 12 meses.
Só na última sexta-feira, oito supostos criminosos morreram durante uma operação da Polícia Civil no morro da Mineira (zona
norte da cidade).
Equívoco
A política de aumento do confronto com traficantes não é unanimidade entre os especialistas
em segurança pública. Para o sociólogo Ignácio Cano, o crescimento do número de mortes em
confrontos com os policiais só
tende a aumentar ainda mais a
violência no Estado.
Segundo ele, a maioria das vítimas é do terceiro escalão do tráfico de drogas e suas mortes não
vão desmantelar as redes do crime organizado, já que elas serão
posteriormente substituídas.
Cano afirmou que há uma cultura equivocada no Rio de se pensar que "segurança pública é confronto". "Segurança pública é sobretudo investigação e combate à
corrupção. Se confronto fosse a
solução, já teríamos resolvido o
problema da violência no Rio há
muito tempo", declarou.
Policiais mortos
O número de policiais assassinados também tem aumentado
neste ano. Até ontem, 72 policiais,
entre civis e militares, foram mortos no Estado, um índice 80% superior ao registrado nos cinco primeiros meses do ano passado,
quando 40 foram assassinados.
Na madrugada de ontem, o tenente do 1º Batalhão Carlos Augusto da Silva Santos foi morto
com tiros de fuzil em Madureira
(zona norte). Ele estava dirigindo
sua picape prata quando foi atacado. O carro do tenente foi encontrado horas depois no morro do
Juramento (Vicente de Carvalho,
zona norte).
Na manhã, dois policiais militares morreram e um ficou ferido
depois de serem atacados a tiros
por um grupo de traficantes no
complexo de favelas do Alemão
(zona norte). Após o confronto,
Garotinho determinou a ocupação do complexo.
Os policiais estavam dentro de
dois carros e iriam render os colegas que trabalham no posto de
policiamento comunitário do
morro da Fazendinha, no complexo, quando cerca de dez traficantes com toucas e armados com
fuzis atiraram contra eles.
Os cabos Sidney José da Silva
Pacheco, 33, e José Augusto Cerdeira, 33, morreram pouco depois
de chegar ao Hospital Getúlio
Vargas, na Penha (zona norte). O
soldado Marcelo Sales de Oliveira
foi ferido na perna e não corre risco de morrer.
À tarde, um outro PM foi baleado durante um tiroteio no morro
da Lagartixa, em Costa Barros
(zona norte). Ele não corre risco
de morte.
Equipes de quatro batalhões da
PM (Polícia Militar) e o Bope (Batalhão de Operações Especiais da
PM) participaram da busca aos
autores dos tiros. Um helicóptero
foi usado na operação.
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