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NINGUÉM É NORMAL
Usuários de serviços psiquiátricos farão caminhada pela avenida e mostrarão trabalhos artísticos
Pacientes levam o seu "orgulho louco"
à Paulista amanhã
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Vamos libertar o orgulho louco.
Com essa idéia na cabeça, usuários de serviços de psiquiatria da
cidade de São Paulo realizam
amanhã, a partir das 11h, na avenida Paulista, a Caminhada do
Orgulho Louco, uma iniciativa
para mostrar a cara, os anseios e o
que vêm fazendo os que sofrem
de doenças psiquiátricas na cidade: coisas como música, dança e
poesia. A previsão é que mil pessoas participem.
A caminhada sairá do prédio da
Gazeta e levará quem quiser
-"liberte o louco que existe em
você", brinca um dos slogans do
evento- ao primeiro Centro de
Atenção Psicossocial do país, o
Caps Itapeva, na rua Itapeva, 700,
serviço ligado ao governo do Estado que nasceu há 19 anos como
resposta aos manicômios que escondiam e maltratavam doentes.
No Caps, pacientes passam o
dia em oficinas culturais, terapêuticas e de preparação para o trabalho. Depois voltam para casa. O
evento é um dos primeiros da Semana da Luta Antimanicomial.
"Vamos manifestar as dificuldades, mas também a capacidade.
Queremos mostrar que nossa
mente é criativa e lírica", afirma
Carlos Henrique Garcia, 37, que
trabalha com informática, é portador de transtorno bipolar e paciente do Caps Itapeva.
Depois que o trio elétrico estacionar na rua Carlos Comenale,
ao lado do Caps Itapeva, as portas
do centro estarão abertas para
quem quiser ver o que os loucos
fazem, como a instalação "Gaiola
Espacial", de Raimundo da Cruz
Cordeiro, 46, que "retrata o homem preso pelos próprios pensamentos". "Fiz durante a aula de
marcenaria", disse Cordeiro, que
sofre de esquizofrenia.
O Movimento dos Novos Artistas, que une artistas que ainda não
conseguiram um espaço, aliou-se
ao evento e também vai expor.
Entre as reivindicações em pauta na semana de luta estão emprego e moradias para quem não tem
família. O próprio Caps Itapeva
precisa de ajuda. O casarão de
madeira vem sendo corroído pelos cupins.
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