São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 2006

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NINGUÉM É NORMAL

Usuários de serviços psiquiátricos farão caminhada pela avenida e mostrarão trabalhos artísticos

Pacientes levam o seu "orgulho louco" à Paulista amanhã

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Vamos libertar o orgulho louco. Com essa idéia na cabeça, usuários de serviços de psiquiatria da cidade de São Paulo realizam amanhã, a partir das 11h, na avenida Paulista, a Caminhada do Orgulho Louco, uma iniciativa para mostrar a cara, os anseios e o que vêm fazendo os que sofrem de doenças psiquiátricas na cidade: coisas como música, dança e poesia. A previsão é que mil pessoas participem.
A caminhada sairá do prédio da Gazeta e levará quem quiser -"liberte o louco que existe em você", brinca um dos slogans do evento- ao primeiro Centro de Atenção Psicossocial do país, o Caps Itapeva, na rua Itapeva, 700, serviço ligado ao governo do Estado que nasceu há 19 anos como resposta aos manicômios que escondiam e maltratavam doentes.
No Caps, pacientes passam o dia em oficinas culturais, terapêuticas e de preparação para o trabalho. Depois voltam para casa. O evento é um dos primeiros da Semana da Luta Antimanicomial.
"Vamos manifestar as dificuldades, mas também a capacidade. Queremos mostrar que nossa mente é criativa e lírica", afirma Carlos Henrique Garcia, 37, que trabalha com informática, é portador de transtorno bipolar e paciente do Caps Itapeva.
Depois que o trio elétrico estacionar na rua Carlos Comenale, ao lado do Caps Itapeva, as portas do centro estarão abertas para quem quiser ver o que os loucos fazem, como a instalação "Gaiola Espacial", de Raimundo da Cruz Cordeiro, 46, que "retrata o homem preso pelos próprios pensamentos". "Fiz durante a aula de marcenaria", disse Cordeiro, que sofre de esquizofrenia.
O Movimento dos Novos Artistas, que une artistas que ainda não conseguiram um espaço, aliou-se ao evento e também vai expor.
Entre as reivindicações em pauta na semana de luta estão emprego e moradias para quem não tem família. O próprio Caps Itapeva precisa de ajuda. O casarão de madeira vem sendo corroído pelos cupins.


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