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Religiões alteram rotina de clínicas
DA REPORTAGEM LOCAL
As diferentes culturas e etnias
dos casais que procuram as clínicas de reprodução vêm impondo
nova rotina a esses locais.
Entre os judeus ortodoxos, por
exemplo, há os que só se submetem à fertilização in vitro se o rabino ou o seu representante puder acompanhar todo o processo.
Segundo o médico Roger Abdelmassih, os religiosos ficam
presentes desde a fertilização do
óvulo com o espermatozóide no
laboratório até a transferência para o útero da paciente. "Existe todo um ritual, com orações."
O judaísmo veta a prática da inseminação ou da fertilização in vitro com esperma doado. Segundo
o rabino Henry Sobel, presidente
do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, o acompanhamento da fertilização depende de
uma decisão pessoal do religioso.
Sobel diz que, segundo a tradição judaica, a inseminação pelo
esperma de um doador estranho
em mulheres casadas poderia não
criar laços de parentesco entre a
criança e o marido. "A mulher
sente-se como se estivesse traindo
o marido, e este fica diminuído na
sua masculinidade."
Para Sobel, a presença do rabino na clínica deixa o casal mais
tranqüilo e pode evitar práticas
como troca do material genético.
No islamismo, qualquer técnica
de reprodução assistida também
deve envolver somente os dois
cônjuges. Assim, são proibidas as
doações de óvulo e de espermatozóides e o chamado útero de substituição -quando a mãe biológica não tem o órgão e recorre a outra para gerar o seu bebê.
Entre os muçulmanos ortodoxos, também há um ritual para a
coleta do esperma que será utilizado na inseminação ou na fertilização in vitro. Como a religião
proíbe a masturbação, o homem é
orientado a manter relação sexual
com a mulher usando uma camisinha especial, que depois é levada
para o laboratório para a coleta
dos espermatozóides.
Segundo o xeique Jihad Hassan
Hammadeh, vice-presidente da
Assembléia Mundial para a Juventude Islâmica, a religião desaconselha a masturbação, mas a
tolera quando o tratamento requer que a coleta do sêmen seja
no laboratório. O islamismo não
se opõe à utilização de embriões
em pesquisa com célula-tronco
porque não o consideram uma vida. "A alma só se implanta no feto
com 120 dias de gestação."
A Igreja Católica condena a reprodução assistida, a não ser que
se use técnicas simples, como estímulo para aumento de produção
de óvulos. "O filho deve ser gerado de ato de amor e não mecanicamente", diz a médica Alice Teixeira Ferreira, assessora científica
da CNBB e docente da Universidade Federal de São Paulo.
Segundo ela, do ponto de vista
da ética médica, a sobrecarga hormonal que a mulher é submetida
para superovular é um risco para
a sua saúde. "Moralmente, o filho
[por meio da reprodução assistida] é visto como um produto de
consumo." (CC)
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