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Resultado é positivo, mas metas são baixas, afirma conselheiro
DA SUCURSAL DO RIO
Eleito ontem vice-presidente
da Câmara de Educação Básica
do CNE (Conselho Nacional de
Educação, órgão consultivo do
MEC), Mozart Neves Ramos
afirmou que são positivos os resultados do Ideb, mas chamou
a atenção para o fato de as metas da educação pública -que
foram alcançadas pelo Brasil-
serem baixas.
"As metas iniciais são modestas. Não adianta colocar metas
ambiciosas no início. Isso é natural quando se está iniciando
um processo. Daqui para a
frente, os esforços terão de ser
cada vez maiores se quisermos
atingir as metas", disse Ramos,
presidente-executivo do movimento Todos pela Educação.
Ele destacou o fato de os resultados positivos mais consistentes terem sido nas primeiras
séries. "É preciso começar pela
base. Os alunos estão saindo daí
numa situação melhor do que
dez anos atrás. Isso vai ter conseqüências daqui a algum tempo no ensino médio. O ensino
médio de hoje é, ainda, um reflexo das primeiras séries de
dez anos atrás."
Para Paulo Renato Souza,
ministro da Educação no governo Fernando Henrique Cardoso, a melhoria no ensino fundamental era esperada.
"Achava que ela apareceria
antes, porque todos os outros
indicadores haviam melhorado, como o percentual de professores com nível superior, o
financiamento via Fundef e a
distribuição de livros didáticos.
A melhoria só não aconteceu
antes porque, desde 1995, ampliamos bastante a matrícula
com a inclusão de alunos que
estavam fora da escola. Agora,
com praticamente todos estudando, é natural que os resultados apareçam", disse.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ministro no primeiro ano do governo Lula,
afirmou que é positiva a melhora do Brasil, mas a avaliou como
"muito lenta". Ele afirmou que
o avanço não é suficiente porque os outros países também
estão avançando. "Mesmo
quando a gente melhora, a gente fica atrás", disse.
A presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais
de Educação, Justina Iva de
Araújo Silva, aponta que os resultados mostram avanços,
mas não excelência. Ela vê as
médias principalmente como
resultado de ações de formação
de professores pelos municípios e pelo MEC, um dos fatores do melhor desempenho dos
alunos em matemática, diz ela.
A professora Maria Márcia
Malavasi, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas),
concorda que os resultados do
Ideb são positivos, mas lembra
que o Ministério da Educação
trabalha com médias, e não
com as notas individuais.
"É perigoso trabalhar com
médias, porque você não considera os alunos ruins. Enquanto
eu tiver um aluno com desempenho péssimo, eu não posso
dizer que está tudo bem. Na
educação, temos que cuidar de
todos, e não da média", afirma.
Para a professora, é importante que os governos façam
avaliações da educação. "Não
havia essa cultura até pouco
tempo atrás. É por isso que nos
enganávamos tanto dizendo
que a educação no Brasil ia
bem. Quando tivemos que nos
submeter a exames internacionais, como o Pisa, sofremos um
susto grande", diz ela. "Agora, a
partir dos dados, temos que tomar iniciativas para melhorar."
Colaborou RICARDO WESTIN, da Reportagem
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