São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2000


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BARBARA GANCIA

Livro faz teste de DNA ser divisor de águas

Parece que faz séculos, mas foi em maio de 1983, enquanto dirigia seu carro por uma estrada da Califórnia, que o bioquímico Kary Mullis teve um estalo e acabou desenvolvendo um método que hoje é velho conhecido de todos nós, o exame de DNA.
Em dezembro do mesmo ano, Mullis provou que seu teste funcionava e, em 1993, o norte-americano recebeu o Nobel, em reconhecimento pelo incrível feito.
Pense só: antes de 1988 não passava de especulação dizer que o Pelé era pai da Sandra; que o Collor tinha um menino fora do casamento ou que Luciana Gimenez concebera um filho do Mick Jagger.
Qualquer rebento gerado pela mulher casada era do marido e ponto final, lembra?
Quando o teste começou a ser usado nos tribunais norte-americanos, a dupla Barry Scheck e Peter Neufeld tinha acabado de se formar em Direito. Hoje, eles são considerados dois dos maiores especialistas do planeta em exames de DNA.
Em parceria com Jim Dwyer, o vencedor do Pulitzer, eles acabam de lançar "Actual Innocence" (editora Doubleday), sobre um projeto deles, que nos últimos dez anos ajudou a inocentar, por meio de testes de DNA, 37 pessoas condenadas injustamente à morte e à prisão.
O livro conta a história dessas pessoas e de como nasceu o "Project Innocence", que hoje é tocado com a ajuda de estagiários. Em 1992, Scheck e Neufeld, que, entre outros feitos, ajudaram a livrar da cadeira elétrica o jogador de futebol americano O.J.Simpson e conseguiram inocentar um caminhoneiro de Long Island, acusado de estupro. A partir daí, eles passaram a receber dezenas de pedidos de ajuda de presos que se diziam condenados injustamente.
As histórias relatadas no livro são de arrepiar. Dennis Fritz, professor e pai de uma adolescente, foi levado algemado de casa em 1987. Só voltou em 1999 e, nesse meio tempo, foi vítima de erros e injustiças que a gente pensa que existam apenas nas histórias de Stephen King.
Testemunhas cometem erros, informantes mentem, advogados de defesa dormem no ponto e promotores enrolam. Dentro desse mundo de incertezas, segundo os autores, o teste de DNA "está para a Justiça como o telescópio para as estrelas: é uma máquina de revelações".
Mesmo que seu inglês não seja o da rainha, peça a sua cópia pela Internet. Garanto que dá para curtir. Só não vale dizer depois que você perdeu o sono por minha culpa, combinado?

QUALQUER NOTA

Transgênicos são OK
Quem ainda tem dúvidas sobre a segurança dos alimentos geneticamente modificados que assista a uma das tantas reprises do programa de Dráuzio Varella, no canal universitário, em que o médico recebe como convidado o colega Ricardo Brentani, presidente do Hospital do Câncer. Eles deixam claro para os leigos que só é contra os transgênicos quem tem interesses econômicos em jogo.

Comércio criativo
Só faltava mesmo inventarem o Dia da Vovó. E depois o Armínio Fraga ainda reclama que o tapuia não aprende a poupar.


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