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BARBARA GANCIA
Livro faz teste de DNA ser divisor de águas
Parece que faz séculos,
mas foi em maio de 1983, enquanto dirigia seu carro por uma
estrada da Califórnia, que o bioquímico Kary Mullis teve um estalo e acabou desenvolvendo um
método que hoje é velho conhecido de todos nós, o exame de DNA.
Em dezembro do mesmo ano,
Mullis provou que seu teste funcionava e, em 1993, o norte-americano recebeu o Nobel, em reconhecimento pelo incrível feito.
Pense só: antes de 1988 não passava de especulação dizer que o
Pelé era pai da Sandra; que o Collor tinha um menino fora do casamento ou que Luciana Gimenez concebera um filho do Mick
Jagger.
Qualquer rebento gerado pela
mulher casada era do marido e
ponto final, lembra?
Quando o teste começou a ser
usado nos tribunais norte-americanos, a dupla Barry Scheck e Peter Neufeld tinha acabado de se
formar em Direito. Hoje, eles são
considerados dois dos maiores especialistas do planeta em exames
de DNA.
Em parceria com Jim Dwyer, o
vencedor do Pulitzer, eles acabam
de lançar "Actual Innocence"
(editora Doubleday), sobre um
projeto deles, que nos últimos dez
anos ajudou a inocentar, por
meio de testes de DNA, 37 pessoas
condenadas injustamente à morte e à prisão.
O livro conta a história dessas
pessoas e de como nasceu o "Project Innocence", que hoje é tocado
com a ajuda de estagiários. Em
1992, Scheck e Neufeld, que, entre
outros feitos, ajudaram a livrar
da cadeira elétrica o jogador de
futebol americano O.J.Simpson e
conseguiram inocentar um caminhoneiro de Long Island, acusado
de estupro. A partir daí, eles passaram a receber dezenas de pedidos de ajuda de presos que se diziam condenados injustamente.
As histórias relatadas no livro
são de arrepiar. Dennis Fritz, professor e pai de uma adolescente,
foi levado algemado de casa em
1987. Só voltou em 1999 e, nesse
meio tempo, foi vítima de erros e
injustiças que a gente pensa que
existam apenas nas histórias de
Stephen King.
Testemunhas cometem erros,
informantes mentem, advogados
de defesa dormem no ponto e promotores enrolam. Dentro desse
mundo de incertezas, segundo os
autores, o teste de DNA "está para
a Justiça como o telescópio para
as estrelas: é uma máquina de revelações".
Mesmo que seu inglês não seja o
da rainha, peça a sua cópia pela
Internet. Garanto que dá para
curtir. Só não vale dizer depois
que você perdeu o sono por minha culpa, combinado?
QUALQUER NOTA
Transgênicos são OK
Quem ainda tem dúvidas sobre a segurança dos alimentos geneticamente modificados que assista a uma das
tantas reprises do programa
de Dráuzio Varella, no canal
universitário, em que o médico recebe como convidado o
colega Ricardo Brentani, presidente do Hospital do Câncer. Eles deixam claro para os
leigos que só é contra os
transgênicos quem tem interesses econômicos em jogo.
Comércio criativo
Só faltava mesmo inventarem o Dia da Vovó. E depois
o Armínio Fraga ainda reclama que o tapuia não aprende
a poupar.
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
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