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EDUCAÇÃO
No ano passado, foi cobrada taxa de R$ 14; iniciativa causou a condenação judicial da secretária da Educação
Exame supletivo em SP vai ser gratuito
ANTÔNIO GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O exame supletivo do Estado de
São Paulo, que no ano passado teve 55 mil inscritos, vai mudar e será gratuito neste ano. A informação foi dada pela própria secretária estadual da Educação, Rose
Neubauer.
Por causa de uma portaria que
instituía a cobrança no exame,
Rose foi condenada, em março, à
perda da função pública e suspensão dos direitos políticos por três
anos pelo juiz Danilo Panizza Filho, da 7ª Vara da Fazenda.
Como a secretária entrou com
recurso contra a decisão, ela poderá ficar no cargo até o julgamento final.
Rose se defende afirmando que
a ação, movida pela Promotoria
de Justiça da Cidadania, dizia respeito ao ano de 1998, quando o
Estado suspendeu o exame. "Não
acredito que posso ser condenada
apenas por ter tido a intenção de
cobrar", indaga a secretária.
No ano passado, foi cobrada
uma taxa de R$ 14 por prova, mas,
segundo Rose, havia uma decisão
judicial que permitia essa cobrança. Ela afirma também que a prática de se cobrar por exames supletivos sempre existiu em São
Paulo. "O Conselho Estadual de
Educação permite isso."
Neste ano, Rose informou que o
exame não será mais feito pela
Vunesp (Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual
Paulista). "Queremos que as escolas façam esse exame e estamos
estudando se haverá um exame
único ou se cada escola elaborará
sua prova", diz a secretária. Ela
afirma que essa medida reduzirá
os custos do exame e poderá resultar no fim da cobrança.
Os Estados do Rio de Janeiro e
do Paraná não cobram mais pelo
exame supletivo. O Rio Grande
do Sul deixará de fazer isso neste
ano. Em Minas Gerais, foi cobrada uma taxa de R$ 6 por prova no
último exame.
Antes da aprovação da LDB (Lei
de Diretrizes e Bases da Educação), em 1996, todos os Estados
cobravam. Em seu artigo 37, a
LDB afirma que "os sistemas de
ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos oportunidades educacionais mediante
cursos e exames."
Rio de Janeiro, Paraná e Rio
Grande do Sul deixaram de cobrar por causa da LDB. "Para nós,
apesar do alto custo do exame, a
lei não nos permite cobrar de ninguém", afirma Miguel Pinto,
coordenador de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de
Estado de Educação do Rio.
No ano passado, 88 mil candidatos se inscreveram no exame
no Estado do Rio. O custo para os
cofres do Estado foi de quase R$ 5
milhões e aproximadamente um
terço dos candidatos não compareceu à prova.
No Paraná, não é cobrada nenhuma taxa pelo exame desde 97.
"O custo é realmente muito oneroso para o Estado, mas temos
que cumprir a lei", diz Denise Fraguas, coordenadora paranaense
dos exames supletivos.
O relator do parecer sobre Educação de Jovens e Adultos no
Conselho Nacional de Educação,
Carlos Alberto Cury, explica que
há interpretações diferentes para
a mesma lei, mas, no seu entender, não pode haver cobrança.
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