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Discussão sobre custo do ensino superior marca debate
DA REPORTAGEM LOCAL
A comparação
entre o custo do
aluno e a qualidade
do ensino nas universidades públicas
e particulares foi
um dos pontos mais polêmicos
do debate "O Impasse da Academia", organizado pela Folha, na
semana passada, no auditório do
prédio do jornal.
A discussão foi iniciada pelo reitor da Uniban (Universidade
Bandeirante de São Paulo), Heitor
Pinto Filho.
Ele disse que a Uniban tem uma
receita anual de R$ 120 milhões
por ano e 30 mil alunos em seus
campi. A Unicamp, afirmou Pinto, tem 10 mil alunos a menos do
que a Uniban e gasta quase quatro
vezes mais: R$ 470 milhões.
O debate teve a mediação do
jornalista Gilberto Dimenstein,
do Conselho Editorial da Folha, e
contou com a presença do reitor
da Uniban, do presidente da
UNE, Wadson Ribeiro, do diretor
de políticas públicas para o ensino
superior do MEC, Luiz Roberto
Curi, do diretor do Instituto de Física da Unicamp e presidente da
Fapesp (Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo),
Carlos Henrique de Brito Cruz, e
do reitor da Unesp (Universidade
Estadual Paulista), Antônio Manoel dos Santos Silva.
Para o reitor da Unesp, não é
possível comparar o custo do aluno da universidade pública e da
particular sem levar em conta que
a primeira produz pesquisa e que
sua função social não é apenas a
de formar alunos para o mercado
de trabalho, mas também produzir tecnologia e extensão.
Para o presidente da UNE,
Wadson Ribeiro, o gasto com o
aluno nas universidades públicas
ainda é pequeno. "O governo precisa aumentar o investimento na
contratação de professores, reforma de prédios e laboratórios",
disse.
Ele criticou também os cortes
nas bolsas de iniciação científica e
de assistência aos universitários
carentes, além do fechamento de
refeitórios para estudantes nas faculdades.
O reitor da Uniban defendeu no
debate que o MEC crie alternativas de financiamento das mensalidades de estudantes de instituições particulares.
"O trabalhador pode sacar o
FGTS dele para ajudar na compra
da casa própria, mas não pode financiar a mensalidade do filho",
reclamou Pinto.
Um dos argumentos do reitor
da Uniban para justificar essa demanda é o crescimento do número de alunos na rede particular de
ensino superior.
Luiz Roberto Curi, do MEC, disse que os dados de expansão do
ensino superior, apresentados pelo ministério há duas semanas,
são positivos. "Em cinco anos, aumentou em 40% o número de
brasileiros no ensino superior",
afirmou.
Para Wadson Ribeiro, da UNE,
esse dado não significa um avanço considerável. "Continuamos
com uma taxa muito pequena da
população no ensino superior.
Além disso, essa expansão aconteceu principalmente na rede particular. Na década de 60, quase
70% dos alunos estavam na rede
pública. Hoje, esse quadro se inverteu", disse Ribeiro.
Respondendo a Wadson, Curi
afirmou que não se pode comparar duas realidades diferentes e
que a expansão do ensino superior nos últimos anos não pode
ser desprezada.
Avanços
"Não chegamos ao patamar
ideal, mas não se pode negar que
está havendo uma expansão acelerada, sem perda de qualidade",
disse.
Ele lembrou que o número de
doutores e mestres nas universidades brasileiras está aumentando em um ritmo superior ao da
expansão dos alunos.
O presidente da Fapesp, Carlos
Henrique de Brito Cruz, afirmou
que, apesar de a palavra crise ser
usada nas universidades há mais
de 30 anos, houve avanços significativos no setor.
"A discussão sobre a crise às vezes nos faz desmerecer alguns
avanços. O projeto de sequenciamento do genoma da bactéria
Xylella fastidiosa foi desenvolvido por universidades públicas de
São Paulo e foi pioneiro no mundo", disse Cruz.
Ele lembrou também a contribuição do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) para o desenvolvimento da Embraer.
"Há 30 anos, quem poderia
imaginar que o Brasil iria ganhar
dinheiro exportando aviões? Essa
realidade foi possível, em grande
parte, graças à contribuição do
ITA", lembrou o presidente da
Fapesp.
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