São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2000


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PREFEITURA DE SP
Governistas omitem voto, mas nem a oposição acredita que impeachment será aprovado; votação começa às 8h
Aliados devem garantir vitória de Pittahoje

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Câmara vota hoje, a partir das 8h, o impeachment do prefeito Celso Pitta. Apenas uma dúvida atormenta os parlamentares fiéis ao prefeito: qual será o placar favorável a ele. Tanto a oposição quanto a bancada de sustentação de Pitta davam como certa ontem a absolvição do prefeito.
Para que Pitta seja cassado são necessários 37 votos contrários a ele em pelo menos uma das 11 acusações da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
O relator da comissão processante, Alan Lopes (PTB), acatou apenas duas das 11 denúncias - o empréstimo de R$ 800 mil do empresário Jorge Yunes ao prefeito e o pagamento da viagem de Pitta à França durante a Copa do Mundo, em 1998.
Vereadores como Wadih Mutran (PPB) arriscavam um palpite de 28 votos contra o impeachment. Milton Leite (PMDB) acreditava que Pitta obterá entre 25 e 30 votos favoráveis. Um pouco mais cauteloso, mas sem nenhuma preocupação com mudanças no meio da noite, o secretário do Governo, Arnaldo Faria de Sá, dava como certos 25 votos. "Outros cinco podem se juntar a nós, mas não é certeza."
Os vereadores que vão votar contra o impeachment preferiram omitir seu voto ou fugir dos jornalistas. Dos 49 parlamentares consultados pela Folha, somente 4 se manifestaram publicamente em defesa de Pitta -Miguel Colasuonno (PMDB), Wadih Mutran (PPB), Brasil Vita (PPB) e Edivaldo Estima (PPB). Outros 17 vereadores da base governista não quiseram declarar o voto.
O vereador Mário Dias (PPB) se disse indeciso, enquanto José Viviani Ferraz (PL) afirmou que vai se abster -como fez na votação pela instalação da comissão processante. Sete parlamentares não foram encontrados para se manifestar. A oposição contava com 26 votos contra o prefeito. Durante o dia de ontem, a base fiel a Pitta demonstrou uma tranquilidade de quem já ganhou. Colasuonno afirmou que "a situação desanuviou", isto é, não havia nenhuma dúvida, por parte da tropa de choque do prefeito, de que possa ocorrer uma reviravolta. "Hoje (ontem) é uma prova de confiança e ninguém fala com ninguém", dizia Colasuonno ontem à tarde.
O secretário do Governo também afirmou que estava "tocando o dia-a-dia". Faria de Sá fez questão de afirmar que o maior trunfo de Pitta era a lembrança dos 19 dias de interinidade de Regis de Oliveira.
Quando esteve à frente da prefeitura, o vice-prefeito irritou os vereadores ao afirmar diversas vezes que iria administrar sem ouvi-los e não aceitava indicações para cargos. Ao deixar o cargo, antigos aliados de Pitta comemoraram.
Desde segunda-feira, no entanto, o vice-prefeito tem procurado manter contatos com os vereadores, numa última tentativa de voltar a ocupar o cargo.
Um dos interlocutores de Regis é Bruno Feder, cotado, na interinidade do vice, para ser o líder do prefeito na Câmara. Assessores de Feder negam que o vereador tenha atuado como negociador do vice-prefeito, mas seus colegas confirmam.
"Ele está tentando atuar como articulador, mas não tem força para isso", disse Mutran. A assessoria de imprensa de Feder afirmou que ele tem mantido "conversações normais" com os demais parlamentares e "não houve um trabalho extraordinário de convencimento".
O ex-secretário do Planejamento na administração Regis, Fernando Fantauzzi, também negou que estivesse mantendo contato com os vereadores para tentar convencê-los a votar contra Pitta. "Cheguei de viagem ontem (anteontem) e hoje passei a manhã acompanhando minha filha numa cirurgia", afirmou.
O prefeito Celso Pitta demonstrou tranquilidade. No início da noite, disse que estava confiante na vitória e que nem iria comparecer para fazer sua defesa em plenário. "Tenho advogados para isso." Pitta afirmou que irá manter sua rotina de trabalho.


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