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PREFEITURA DE SP
Governistas omitem voto, mas nem a oposição acredita que impeachment será aprovado; votação
começa às 8h
Aliados devem garantir vitória de Pittahoje
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Câmara vota hoje, a partir das
8h, o impeachment do prefeito
Celso Pitta. Apenas uma dúvida
atormenta os parlamentares fiéis
ao prefeito: qual será o placar favorável a ele. Tanto a oposição
quanto a bancada de sustentação
de Pitta davam como certa ontem
a absolvição do prefeito.
Para que Pitta seja cassado são
necessários 37 votos contrários a
ele em pelo menos uma das 11
acusações da OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil).
O relator da comissão processante, Alan Lopes (PTB), acatou
apenas duas das 11 denúncias - o
empréstimo de R$ 800 mil do empresário Jorge Yunes ao prefeito e
o pagamento da viagem de Pitta à
França durante a Copa do Mundo, em 1998.
Vereadores como Wadih Mutran (PPB) arriscavam um palpite
de 28 votos contra o impeachment. Milton Leite (PMDB) acreditava que Pitta obterá entre 25 e
30 votos favoráveis. Um pouco
mais cauteloso, mas sem nenhuma preocupação com mudanças
no meio da noite, o secretário do
Governo, Arnaldo Faria de Sá, dava como certos 25 votos. "Outros
cinco podem se juntar a nós, mas
não é certeza."
Os vereadores que vão votar
contra o impeachment preferiram omitir seu voto ou fugir dos
jornalistas. Dos 49 parlamentares
consultados pela Folha, somente
4 se manifestaram publicamente
em defesa de Pitta -Miguel Colasuonno (PMDB), Wadih Mutran
(PPB), Brasil Vita (PPB) e Edivaldo Estima (PPB). Outros 17 vereadores da base governista não quiseram declarar o voto.
O vereador Mário Dias (PPB) se
disse indeciso, enquanto José Viviani Ferraz (PL) afirmou que vai
se abster -como fez na votação
pela instalação da comissão processante. Sete parlamentares não
foram encontrados para se manifestar. A oposição contava com 26
votos contra o prefeito. Durante o
dia de ontem, a base fiel a Pitta demonstrou uma tranquilidade de
quem já ganhou. Colasuonno
afirmou que "a situação desanuviou", isto é, não havia nenhuma
dúvida, por parte da tropa de choque do prefeito, de que possa
ocorrer uma reviravolta. "Hoje
(ontem) é uma prova de confiança e ninguém fala com ninguém",
dizia Colasuonno ontem à tarde.
O secretário do Governo também afirmou que estava "tocando
o dia-a-dia". Faria de Sá fez questão de afirmar que o maior trunfo
de Pitta era a lembrança dos 19
dias de interinidade de Regis de
Oliveira.
Quando esteve à frente da prefeitura, o vice-prefeito irritou os
vereadores ao afirmar diversas
vezes que iria administrar sem
ouvi-los e não aceitava indicações
para cargos. Ao deixar o cargo,
antigos aliados de Pitta comemoraram.
Desde segunda-feira, no entanto, o vice-prefeito tem procurado
manter contatos com os vereadores, numa última tentativa de voltar a ocupar o cargo.
Um dos interlocutores de Regis
é Bruno Feder, cotado, na interinidade do vice, para ser o líder do
prefeito na Câmara. Assessores de
Feder negam que o vereador tenha atuado como negociador do
vice-prefeito, mas seus colegas
confirmam.
"Ele está tentando atuar como
articulador, mas não tem força
para isso", disse Mutran. A assessoria de imprensa de Feder afirmou que ele tem mantido "conversações normais" com os demais parlamentares e "não houve
um trabalho extraordinário de
convencimento".
O ex-secretário do Planejamento na administração Regis, Fernando Fantauzzi, também negou
que estivesse mantendo contato
com os vereadores para tentar
convencê-los a votar contra Pitta.
"Cheguei de viagem ontem (anteontem) e hoje passei a manhã
acompanhando minha filha numa cirurgia", afirmou.
O prefeito Celso Pitta demonstrou tranquilidade. No início da
noite, disse que estava confiante
na vitória e que nem iria comparecer para fazer sua defesa em plenário. "Tenho advogados para isso." Pitta afirmou que irá manter
sua rotina de trabalho.
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