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Gays são 35% dos casos de Aids na AL
AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA
Cerca de 35% dos casos de Aids
na América Latina e Caribe foram
transmitidos por sexo feito entre
homossexuais e bissexuais. Dos
gastos em prevenção nessa região,
só 5% são destinados a programas voltados para "homens que
fazem sexo com homens".
A culpa pelos poucos investimentos é atribuída ao conservadorismo dos governos, à resistência da Igreja Católica e ao preconceito das agências internacionais
que financiam os projetos. O resultado pode ser uma epidemia
da doença em todo o continente.
O alerta foi feito ontem, em Barcelona (Espanha), às vésperas do
encerramento da 14ª Conferência
Internacional de Aids. Uma publicação lançada pela Rede de Investigação em Sexualidade e
HIV/Aids na América Latina,
com apoio da Unaids (órgão das
Nações Unidas para a Aids), faz
um balanço sobre a "Aids e o sexo
entre homens".
"O Brasil só recentemente fez
sua primeira campanha nacional
voltada aos homens que fazem sexo com homens. No resto da
América Latina, praticamente
não há campanhas", disse Veriano Terto, um dos editores da publicação e membro da Task Force,
uma frente da Unaids voltada para os direitos humanos entre homossexuais e bissexuais.
No México, por exemplo, os casos de Aids por sexo nesse grupo
chega a 54,5%. Nos países andinos (Bolívia, Colômbia, Equador,
Peru e Venezuela), são 48,3%.
Para Terto, os homossexuais
são o grupo mais culpabilizado e,
por isso, menos integrado à prevenção. Faz-se prevenção com
grupos de mulheres e de homens
como se não tivessem a ver com a
Aids entre os homossexuais.
Na Argentina, a primeira campanha sobre a camisinha é de
2001. No Equador e na Nicarágua,
segundo a Task Force, há leis penalizando o homossexualismo.
Noel Alicea, do GMHC, organização não-governamental homossexual voltada para a saúde,
diz que a prevenção entre gays está perdendo espaço nos EUA até
em cidades como San Francisco,
onde ocorre uma das maiores paradas dos homossexuais.
Segundo Mario Scheffer, do
Grupo Pela Vidda, de São Paulo, a
tendência é cada vez mais visível
no Brasil. "Há mais projetos voltados para usuários de drogas e
presidiários do que para gays."
Segundo ele, ONGs homossexuais no Brasil e nos países desenvolvidos estão tendo de retomar
campanhas do fim dos anos 80,
quando a epidemia crescia muito.
Denise Doneda, da Coordenação Nacional de Aids, disse que
entre os 675 programas de intervenção com apoio direto do Ministério da Saúde, 105 são voltados para homossexuais. Segundo
ela, os programas atingem 600 mil
homossexuais, ou cerca de 21%
do total dessa comunidade.
O jornalista Aureliano Biancarelli viajou
a convite do laboratório Abbott
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