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VIOLÊNCIA
Natasha Ometto, 16, foi pega na zona oeste de SP; sequestradores deram a ela dinheiro para voltar de táxi para casa
Estudante é solta após 80 dias de sequestro
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de passar 80 dias em poder de sequestradores, a estudante Natasha Ometto, 16, filha de um
dos donos da Usina da Barra, com
sede em Barra Bonita (302 km de
São Paulo), foi libertada na noite
de anteontem em São Paulo, após
o pagamento de resgate.
Os sequestradores deram a ela
dinheiro para pegar um táxi e voltar para casa, em Perdizes (zona
oeste da cidade).
Segundo a família, a estudante
não foi agredida e pôde escolher o
que queria comer, fazendo listas
dos alimentos que preferia. Natasha ficou todo o tempo em um
quarto sem janela, com um colchão no chão e um cobertor.
"Uma das primeiras coisas que
ela quis fazer foi ver o céu", disse o
pai da estudante, o empresário
Pedro Ometto Neto, 47, vice-presidente do Conselho Administrativo da Usina da Barra. "Estou
muito abalado, mas feliz porque
acabou. Os sequestradores foram
muito profissionais. Não fizeram
nada com a minha filha."
Ontem, Natasha foi a um salão
de beleza para fazer as unhas. Ela
também procurou um médico de
confiança da família, segundo Neto, para que lhe fosse receitado
um calmante.
O pagamento do resgate aconteceu na terça-feira. O dinheiro foi
deixado em um orelhão por João
Paulo Bernardes Teixeira, amigo
de infância do pai da estudante.
Teixeira e Neto seguiram de
Barra Bonita para São Paulo exclusivamente para o pagamento,
por exigência dos sequestradores.
Neto foi o único a negociar com
os sequestradores. Falava sempre
com uma mesma pessoa.
"Exigiram que eu não falasse
com a imprensa nem com a polícia." Ele contou que os sequestradores chegaram a ficar 14 dias
sem fazer contato depois de a notícia do sequestro ter sido divulgada na televisão.
Após negociações, o valor final
-que a família prefere não divulgar- foi acertado na sexta-feira
passada. "Eu vendi tudo, pedi emprestado, fiz o diabo", disse Neto.
Na terça, Teixeira, que não conhece bem a cidade de São Paulo,
saiu de carro com o dinheiro e ficou recebendo instruções pelo celular por cerca de dez horas. Segundo a família, ele não soube explicar onde fica o local em que o
dinheiro foi deixado.
"Estou com medo. Nunca tive,
mas agora tenho medo por minha
família e por todas as famílias do
Brasil inteiro", declarou Neto.
Segundo ele, os sequestradores
fizeram "todo o tipo" de ameaças
e chegaram a dizer que iriam matar Natasha ou cortariam partes
do corpo da estudante.
A estudante foi sequestrada por
volta das 15h do último dia 21 de
abril. De acordo com a DAS (Divisão Anti-Sequestro), Natasha voltava de uma visita que havia feito
ao pai em Barra Bonita. Ela estava
no carro do empresário, dirigido
por um motorista, quando o veículo teria sido invadido por dois
homens armados. O carro estava
parado em um sinal da avenida
Antártica, próximo ao shopping
West Plaza, no bairro Água Branca (zona oeste de São Paulo).
Natasha estava a caminho do
apartamento onde mora com a
mãe, no bairro de Perdizes, próximo de onde ocorreu o sequestro.
A adolescente e o motorista foram obrigados a ficar agachados
na parte traseira. Depois, o carro
teria rodado por cerca de duas horas. Durante esse tempo, a menina passou para outro veículo.
O motorista foi deixado na marginal Tietê, na região do bairro do
Limão (zona norte de São Paulo),
por volta das 17h do mesmo dia, e
os criminosos fugiram.
A Usina da Barra, que produz
álcool e açúcar, tem unidades em
19 municípios do interior do Estado de São Paulo.
Manual
A Folha não divulgou o caso,
como orienta o "Manual da Redação", porque a família, por meio
da polícia, não havia autorizado.
Colaborou o "Agora"
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