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JUSTIÇA
Entidade dirá à Organização dos Estados Americanos que Brasil desrespeita direitos humanos ao atrasar pagamento de dívidas
Para OAB, solução é seqüestro de receita
DA REPORTAGEM LOCAL
A Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) está preparando
uma relatório para encaminhar
em agosto à OEA (Organização
dos Estados Americanos). A entidades alegará que o país desrespeita os direitos humanos, além
da ordem jurídica nacional.
"O STF entendeu que o remédio
[intervenção] é muito forte para a
doença. Pode ser, mas efetivamente estamos num vácuo. Precisamos resolver a dívida e buscar
algo que funcione, já que essa medida de controle já se mostrou
ineficaz", afirma Flávio José de
Souza Brando, presidente da Comissão de Precatórios da OAB-SP
e vice-presidente do órgão de
mesma natureza no conselho federal da Ordem.
"É um estelionato constitucionalizado", critica a também advogada Liliana Prinzivalli, que representa a família de uma moça
morta há dez anos por erro médico em um hospital da Prefeitura
de São Paulo na zona leste.
Também neste ano, a OAB organizará um seminário para discutir a questão com governos e
credores. O primeiro passo será
fazer um diagnóstico do tamanho
da dívida nacional em precatórios
alimentares e tentar pactuar formas de pagamento. O segundo será produzir um documento propondo novas punições aos devedores, como o seqüestro de receitas -idéia defendida também
nos corredores do Ministério Público e que exige a aprovação de
uma emenda constitucional.
"O seqüestro de receita, previsto
para o não pagamento dos demais precatórios [como os decorrentes de desapropriações], acabou se tornando uma medida
mais forte, invertendo a prioridade constitucional de pagamentos", afirma Felippo Scolari, presidente da Madeca (movimento de
advogados dos credores alimentares). Ele se refere ao fato de o pagamento dos pagamentos de outra natureza estar em dia em São
Paulo, por exemplo, para evitar o
bloqueio das contas públicas.
Além do seminário e da queixa
internacional, a OAB pretende
pressionar os credores do poder
público a exigir que eles incluam o
estoque de precatórios como dívida ao calcular sua liquidez -o
que não acontece hoje.
"Políticos só se movem por
questões financeiras e eleitorais.
Financeiramente vamos tentar
convencer os grande bancos que
os balanços, sem os precatórios,
são falsos. No âmbito eleitoral, vamos encaminhar questionários
aos candidatos pedindo que digam como resolverão a questão,
para que possamos cobrar coerência depois", diz Branco.
(SC)
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