São Paulo, sábado, 12 de julho de 2008

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Tiroteio entre PMs e suspeitos fere garoto

Estudante de 12 anos foi atingido no rosto e passou por cirurgia; seu estado é estável, mas bala alojou-se no maxilar

Moradores da favela da Vila Prudente acusam os policiais de terem feito o disparo; PM nega e diz que tiro partiu de criminosos


DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Marcelo Francisco Silva de Melo, 12, foi baleado no rosto ontem durante tiroteio entre traficantes e policiais militares na favela da Vila Prudente, na zona leste de São Paulo. Ele foi levado ao Hospital Estadual de Vila Alpina, passou por cirurgia e seu estado era considerado estável. A bala ficou alojada em seu maxilar.
Moradores afirmam que o tiro que o atingiu foi dado pelos PMs. A polícia nega e diz que o disparo partiu dos criminosos.
Marcelo ia jogar futebol com amigos quando houve a troca de tiros, por volta das 16h, disse Patrícia de Lisboa Souza, 18, amiga da família dele e moradora da favela.
De acordo com a polícia, PMs que patrulhavam a avenida Luís Ignácio de Anhaia Melo em motocicletas desconfiaram de dois homens nas proximidades de um local onde haveria venda de drogas. Os dois atiraram ao perceber a aproximação das motos, segundo os policiais.
O soldado Márcio Siquette foi atingido na barriga e caiu de sua motocicleta. Ele usava um colete à prova de balas e teve apenas ferimentos leves.
A polícia respondeu aos disparos, mas os suspeitos conseguiram escapar. "Quando acabou o tiroteio, vimos que tinha um adolescente ferido no maxilar em uma viela. Eu o apoiei no braço e o levei até a avenida. Parei o primeiro carro que passou e fomos para o hospital", disse o soldado Valmir Ramos da Silva.
"Alguém deu só um tiro na direção de um policial que entrou de moto na favela. Ele caiu no chão e chamou outros. Começaram a atirar para todos os lados", disse Patrícia.
A mãe do garoto, Adriana Francisca de Paula Silva, 28, reclamou da ação da PM. "Está errado chegar aqui atirando. Não é todo mundo que é bandido na favela", afirmou.
Para os moradores, o tiro que atingiu Marcelo partiu da arma de um PM porque, segundo eles, os criminosos atiraram apenas uma vez.
O tenente Mauricio Noé Cavalari negou ter havido excessos na ação da PM. "Um soldado levou um tiro no abdome, protegido pelo colete, e efetuou só um disparo", afirmou.
Os policiais disseram que foram recebidos por dois atiradores, que fizeram diversos disparos. Conforme os PMs, apenas o soldado Siquette atirou e apenas uma vez. No boletim de ocorrência registrado no 56º DP (Vila Alpina) consta a suspeita da polícia de que o tiro partiu de um dos criminosos.
A polícia fará perícia na arma do policial militar para saber se partiu dela o tiro que atingiu o garoto.
Logo após o tiroteio, PMs da Força Tática do 21º Batalhão prenderam na mesma região Marcos de Souza Santos, 26, com aproximadamente sete quilos de crack e maconha. Ele já tinha passagem pela polícia por roubo. Santos não foi reconhecido como um dos atiradores, mas será investigado.
A irmã dele, a recepcionista Andréia Cavalcanti, 25, afirmou que Santos só estava passando pelo local com sua sobrinha e foi preso injustamente.


Colaborou o "Agora"



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