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Aos 18 anos, ECA deve ser atualizado, diz conselho
Opinião é de presidente de órgão ligado à Presidência
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dezoito anos depois de lançado, o Estatuto da Criança e do
Adolescente precisa ser detalhado em alguns pontos e atualizado em razão do surgimento
de novos comportamentos,
afirma Carmen Oliveira, presidente em exercício do Conanda
(Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), ligado à Secretaria Especial
de Direitos Humanos, órgão da
Presidência da República.
"A gente destaca que 18 anos
é um tempo insuficiente para
dar conta de algumas questões
tipicamente relacionadas ao
contexto brasileiro, como a
grande população infanto-juvenil, a dimensão continental
do país e a história secular de
desigualdades sociais."
Um dos exemplos de detalhamento necessário, segundo ela,
está na situação de privação de
liberdade do adolescente. "O
ECA indica que um adolescente interno deve ter apenas a sua
liberdade restrita, mas isso não
significa que ele tenha privação
de outros direitos. Há direito à
escola mesmo na condição de
interno, mas [o ECA] não se refere a nada mais a respeito."
Essa situação, diz, abre brecha para interpretações diferentes da lei caso a caso.
As atualizações na legislação,
por outro lado, abarcariam novas violações de direito, que
não existiam ou não foram consideradas na legislação de 1990,
como o turismo sexual e os
abusos cometidos na internet
-por exemplo, a pedofilia e a
pornografia infantil.
Quando se discute alteração
na legislação, a violência -sexual, física ou psicológica- se
coloca no centro das discussões. Para ela, esse fato tem
duas explicações possíveis: o
crescimento da violência e a
mudança de comportamento
da sociedade, que "passa a desnaturalizar situações que eram
praticamente incorporadas à
cultura, como o tema dos castigos físicos e corporais".
A violência está presente em
10 dos 18 projetos de lei em tramitação no Congresso apontados por organizações, pelo Conanda e pela frente parlamentar em defesa dos direitos da
criança como prioritários para
o setor. Outros projetos abordam alimentação saudável, publicidade para crianças e licença-maternidade, entre outros.
Apesar das modificações desejadas, o ECA, segundo Oliveira, tem papel fundamental na
estrutura que defende direitos
de crianças e adolescentes, como a rede de conselheiros de
direito e tutelares, que não seria possível, diz, na vigência da
legislação anterior ao estatuto.
(JOHANNA NUBLAT)
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