São Paulo, terça-feira, 12 de julho de 2011

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Garoto ainda não sabe que pai está soterrado há 3 meses em Santos

Sem retirada dos corpos, investigação sobre causas do acidente em pedreira não começam

FELIPE CARUSO
DE SANTOS

Três meses após cerca de 150 mil toneladas de rocha desabarem na Pedreira Santa Teresa, em Santos, o filho de nove anos de um dos dois trabalhadores soterrados ainda aguarda notícias do pai.
"Agora nas férias, ele sente ainda mais falta do pai. Ele quer ir na pedreira, mas não posso levá-lo lá. Ele sabe que houve um acidente, mas ainda estou pensando em como contar que o pai dele morreu", diz Edna Mendonça, mulher de Jucelino Mendonça, 45, operador de retroescavadeira soterrado no acidente da manhã de 12 de abril.
A mãe de Jucelino, Marineta Rodrigues, 61, afirma que há três meses o filho dizia que o trabalho na pedreira estava perigoso e que se algo acontecesse com ele, gostaria de ser enterrado com o pai em Tangará da Serra (MT).
O caminhoneiro Walter Santana Holtz, 49, o outro soterrado, trabalhava no local havia menos de um mês. Foi soterrado antes de receber o primeiro salário no emprego que conseguiu na mesma pedreira em que trabalha o filho, que escapou do acidente pois saíra para tomar café.
Enquanto as vítimas não são achadas, as famílias vêm recebendo seus salários.

DEMORA
As enormes rochas, a necessidade de grandes detonações, a chuva eventual e a preocupação com a segurança dos trabalhadores para que não haja novos acidentes são os motivos elencados pelo engenheiro Denilson Cupertino, responsável técnico da empresa Maxbrita, que opera na pedreira, para justificar a demora no resgate.
A empresa é responsável pelas buscas, que ocorrem todos os dias. Sem a retirada dos corpos dos pedreiros, o Departamento Nacional de Produção Mineral, do governo federal, não apura as causas do acidente. "Depois que a Defesa Civil entregar um relatório [sobre o resgate], vamos analisar o que houve", afirma Ricardo Moraes, superintendente do DNPM em SP.
A Defesa Civil, porém, não vai à pedreira há um mês, quando técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas tentaram localizar com um detector de metal o caminhão e a escavadeira soterrados.
"A Defesa Civil assessorou até onde pôde e está à disposição para fazer novas avaliações geológicas", diz o chefe do órgão de Santos, tenente-coronel Daniel Onias Nossa.
O Corpo de Bombeiros mantém uma equipe de três homens acompanhando os trabalhos de resgate.


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