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HABITAÇÃO
Governo federal destinará recursos para famílias com renda de até 3 salários mínimos; meta é beneficiar 35 mil até dezembro
Moradia popular terá subsídio de R$ 200 mi
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Na tentativa de diminuir a tensão social nas grandes cidades, o
governo federal investirá R$ 200
milhões na construção ou compra de casas populares para famílias com renda de até três salários
mínimos. A meta é chegar a 35 mil
unidades habitacionais até dezembro. O primeiro edital deve
ser lançado na semana que vem.
Quase um terço desse dinheiro
-30%- será investido em regiões metropolitanas, como a da
Grande São Paulo, onde um grupo de cerca de 4.000 sem-teto deixou um terreno da Volkswagen
na semana passada. Além de acalmar o MTST (Movimento dos
Trabalhadores Sem Teto), a medida visa se somar a outras nesta
semana, em um movimento do
governo de melhorar a imagem
da administração após a turbulência da votação de reformas pelo Congresso nos últimos dias.
O primeiro passo para priorizar
as famílias de renda mais baixa foi
dado ontem, com a publicação
das diretrizes do Programa de
Subsídio à Habitação de Interesse
Social no "Diário Oficial" da
União. Pelas novas regras, a renda
das famílias beneficiadas, que era
de até cinco salários mínimos (R$
1.200), diminuiu para até R$ 720.
Os imóveis serão de melhor
qualidade. O limite anterior de R$
10 mil para o valor da casa ou
apartamento subiu para R$ 21 mil
nas regiões metropolitanas e R$
16 mil para o restante do país.
São Paulo será o Estado mais
beneficiado, com 17,45% do total
de recursos (cerca de R$ 35 milhões). No caso paulista, cerca de
R$ 10,5 milhões irão para regiões
metropolitanas.
Segundo o secretário nacional
de Habitação, Jorge Hereda, uma
família que quiser comprar uma
casa de R$ 21 mil vai desembolsar
R$ 3.000, podendo usar o FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço). Os R$ 18 mil que sobram
serão pagos pelos governos federal, estadual e municipal.
A idéia do governo é atender a
classe média baixa, que ainda não
está em situação tão grave quanto
os sem-teto, mas se situa em zona
de risco devido ao desemprego e à
estagnação da economia. As novas regras, definidas com a portaria ontem, garantiriam esse objetivo, na avaliação de Hereda.
Isso porque as famílias podem
escolher se vão comprar ou construir um imóvel, barateando ainda mais o custo final. Segundo a
portaria, os imóveis que serão
construídos devem adotar "mutirão e autoconstrução" e "mão-de-obra de micros, pequenas e médias empresas locais".
Como o Orçamento de R$ 200
milhões não está relacionado a
um número de casas construídas
ou compradas, quanto mais baratas forem as unidades construídas, mais pessoas poderão ser
atendidas pelo PSH.
A parte operacional do programa será feita por instituições financeiras cadastradas no Banco
Central. A maioria dos bancos
privados poderá realizar a operação. Desde o início do PSH, há
dois anos, o Bradesco, a Caixa
Econômica Federal e a empresa
Economiza já cuidaram da tarefa.
O governo quer lançar o edital
de custos na próxima semana. Essa concorrência é que escolherá
que instituição financeira cuidará
da parte operacional, oferecendo
o crédito para as famílias.
Vencerá o leilão a instituição
que oferecer um custo menor para a viabilidade do programa.
Neste ano, já foram financiadas 21
mil unidades habitacionais, ao
custo de R$ 150 milhões.
Colaborou IURI DANTAS, da Sucursal de Brasília
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