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GUERRA DOS MASCATES
Tumulto no Brás começou após fiscalização da prefeitura; ambulantes enfrentaram a polícia
Protesto de camelôs acaba em depredação
FÁBIO MAZZITELLI
DO "AGORA"
Referência do comércio popular
na capital, o Brás (região central
de São Paulo) virou palco de uma
batalha, ontem.
Em protesto que começou na
rua Oriente, por volta das 10h30, e
se espalhou pelas principais vias
do bairro, dezenas de camelôs
obrigaram os lojistas a fechar as
portas das lojas, sob ameaça, interditaram ruas e protagonizaram
atos de vandalismo, derrubando
caçambas, esmurrando portas e
arrancando lixeiras e orelhões, jogados para o meio das ruas.
A revolta, que foi controlada em
pouco mais de duas horas, começou em reação à fiscalização coordenada pela Subprefeitura da
Mooca -com participação da
Guarda Civil Metropolitana e da
Polícia Civil- para apreender
mercadorias irregulares e ambulantes instalados indevidamente.
Oito carros da Polícia Militar
chegaram uma hora após o início
do protesto. Em resposta aos rojões e pedras atirados pelos manifestantes, os policiais reagiram
com balas de borracha, gás pimenta e bombas de efeito moral.
Mesmo sem haver confronto direto, pelo menos três pessoas ficaram feridas, entre as quais um
guarda civil metropolitano.
Foram detidas 18 pessoas, das
quais 16 foram indiciadas por formação de quadrilha, constrangimento ilegal, resistência ou incitação da violência. A maioria é do
Sindicato dos Camelôs Independentes de São Paulo (Sindcisp).
Para Eduardo Odloak, chefe de
gabinete da Subprefeitura da
Mooca, a reação violenta foi articulada pelo sindicato, que reúne
cerca de 2.800 ambulantes.
"Foi uma operação de rotina de
fiscalização e os ambulantes autuados não tinham TPU [termo
de permissão de uso]. Mas a reação veio de forma organizada. Os
primeiros a cercar os agentes de
apoio eram do sindicato."
Para o presidente do Sindcisp,
Afonso José da Silva, 35, a entidade é perseguida pela subprefeitura. "Os nossos camelôs não querem mais pagar propina. Já dei
nomes de quatro fiscais corruptos, mas nada fizeram."
Há 893 camelôs com permissão
para trabalhar na região, que abriga cerca de 5.000 ambulantes, segundo a subprefeitura.
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