São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2005

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GUERRA DOS MASCATES

Tumulto no Brás começou após fiscalização da prefeitura; ambulantes enfrentaram a polícia

Protesto de camelôs acaba em depredação

FÁBIO MAZZITELLI
DO "AGORA"

Referência do comércio popular na capital, o Brás (região central de São Paulo) virou palco de uma batalha, ontem.
Em protesto que começou na rua Oriente, por volta das 10h30, e se espalhou pelas principais vias do bairro, dezenas de camelôs obrigaram os lojistas a fechar as portas das lojas, sob ameaça, interditaram ruas e protagonizaram atos de vandalismo, derrubando caçambas, esmurrando portas e arrancando lixeiras e orelhões, jogados para o meio das ruas.
A revolta, que foi controlada em pouco mais de duas horas, começou em reação à fiscalização coordenada pela Subprefeitura da Mooca -com participação da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Civil- para apreender mercadorias irregulares e ambulantes instalados indevidamente.
Oito carros da Polícia Militar chegaram uma hora após o início do protesto. Em resposta aos rojões e pedras atirados pelos manifestantes, os policiais reagiram com balas de borracha, gás pimenta e bombas de efeito moral.
Mesmo sem haver confronto direto, pelo menos três pessoas ficaram feridas, entre as quais um guarda civil metropolitano.
Foram detidas 18 pessoas, das quais 16 foram indiciadas por formação de quadrilha, constrangimento ilegal, resistência ou incitação da violência. A maioria é do Sindicato dos Camelôs Independentes de São Paulo (Sindcisp).
Para Eduardo Odloak, chefe de gabinete da Subprefeitura da Mooca, a reação violenta foi articulada pelo sindicato, que reúne cerca de 2.800 ambulantes.
"Foi uma operação de rotina de fiscalização e os ambulantes autuados não tinham TPU [termo de permissão de uso]. Mas a reação veio de forma organizada. Os primeiros a cercar os agentes de apoio eram do sindicato."
Para o presidente do Sindcisp, Afonso José da Silva, 35, a entidade é perseguida pela subprefeitura. "Os nossos camelôs não querem mais pagar propina. Já dei nomes de quatro fiscais corruptos, mas nada fizeram."
Há 893 camelôs com permissão para trabalhar na região, que abriga cerca de 5.000 ambulantes, segundo a subprefeitura.


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