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USP terá simulador para treino de cirurgia
Alunos testarão técnicas minimamente invasivas
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Faculdade de Medicina da
USP ganha amanhã um centro
de ensino e pesquisa em cirurgia onde os estudantes poderão
treinar procedimentos minimamente invasivos (laparoscopia) em simuladores cirúrgicos.
Até hoje, o aprendizado desse
tipo de cirurgia acontece diretamente nos pacientes, sob supervisão de um professor.
É a primeira faculdade de
medicina do Brasil a contar
com um centro dessa natureza.
Ao menos 30 trabalhos científicos atestam que o médico ganha habilidades cirúrgicas mais
rapidamente quando treinado
em simuladores.
O centro, avaliado em R$ 1,6
milhão, possui equipamentos
de última geração e foi construído graças a um grupo de beneméritos, como o banqueiro
Joseph Safra. O idealizador do
projeto é o médico Miguel
Srougi, professor titular de urologia da faculdade.
Segundo Srougi, diferentemente da cirurgia aberta (convencional), que pode ser feita
com segurança por um residente assistido pelo tutor, as cirurgias minimamente invasivas
(feitas por meio de pequenos
furos no abdome) demandam
um aprendizado maior e são
mais sujeitas a complicações.
"Eu nunca deixaria um indivíduo me fazer uma cirurgia laparoscópica de vesícula, por
exemplo, se ele não tivesse
mais do que 50, 60 casos operados. Nessa fase inicial [do
aprendizado], podem acontecer complicações sérias, como
perfuração de intestino e sangramentos graves", explica.
Com o centro, a idéia é qualificar melhor e com mais rapidez as novas gerações de cirurgiões da Faculdade de Medicina da USP, que forma, anualmente, ao menos 200 novos
profissionais nessa área.
"O residente estará mais bem
qualificado para operar. Hoje,
eles aprendem direto nos doentes, desde o primeiro caso. Agora, vão treinar nos simuladores
e em porcos", diz Srougi.
O centro terá dois simuladores cirúrgicos, com os mesmos
princípios dos simuladores de
vôos usados no treinamento de
pilotos de avião. São aparelhos
dotados de pinças -iguais às
utilizadas em uma cirurgia laparoscópica- e um monitor
com a exata reprodução do corpo humano.
"Esse simulador é muito preciso. Se você corta alguma coisa
errada, ele avisa que você cometeu um erro e tira pontos. Se
demorar mais tempo na cirurgia, também tira pontos. No final do procedimento, você recebe uma nota. O sujeito adquire grande habilidade manual de
mexer com os instrumentos."
O centro conta com quatro
ambientes cirúrgicos -dois deles destinados às cirurgias urológicas e os outros dois para cirurgia geral- que terão aparelhos laparoscópicos, microscópico cirúrgico, mesas ergonômicas e uma sofisticada rede de
transmissão de dados e imagens, além de uma sala de telemedicina.
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