São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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USP terá simulador para treino de cirurgia

Alunos testarão técnicas minimamente invasivas

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Faculdade de Medicina da USP ganha amanhã um centro de ensino e pesquisa em cirurgia onde os estudantes poderão treinar procedimentos minimamente invasivos (laparoscopia) em simuladores cirúrgicos. Até hoje, o aprendizado desse tipo de cirurgia acontece diretamente nos pacientes, sob supervisão de um professor.
É a primeira faculdade de medicina do Brasil a contar com um centro dessa natureza. Ao menos 30 trabalhos científicos atestam que o médico ganha habilidades cirúrgicas mais rapidamente quando treinado em simuladores.
O centro, avaliado em R$ 1,6 milhão, possui equipamentos de última geração e foi construído graças a um grupo de beneméritos, como o banqueiro Joseph Safra. O idealizador do projeto é o médico Miguel Srougi, professor titular de urologia da faculdade.
Segundo Srougi, diferentemente da cirurgia aberta (convencional), que pode ser feita com segurança por um residente assistido pelo tutor, as cirurgias minimamente invasivas (feitas por meio de pequenos furos no abdome) demandam um aprendizado maior e são mais sujeitas a complicações.
"Eu nunca deixaria um indivíduo me fazer uma cirurgia laparoscópica de vesícula, por exemplo, se ele não tivesse mais do que 50, 60 casos operados. Nessa fase inicial [do aprendizado], podem acontecer complicações sérias, como perfuração de intestino e sangramentos graves", explica.
Com o centro, a idéia é qualificar melhor e com mais rapidez as novas gerações de cirurgiões da Faculdade de Medicina da USP, que forma, anualmente, ao menos 200 novos profissionais nessa área.
"O residente estará mais bem qualificado para operar. Hoje, eles aprendem direto nos doentes, desde o primeiro caso. Agora, vão treinar nos simuladores e em porcos", diz Srougi.
O centro terá dois simuladores cirúrgicos, com os mesmos princípios dos simuladores de vôos usados no treinamento de pilotos de avião. São aparelhos dotados de pinças -iguais às utilizadas em uma cirurgia laparoscópica- e um monitor com a exata reprodução do corpo humano.
"Esse simulador é muito preciso. Se você corta alguma coisa errada, ele avisa que você cometeu um erro e tira pontos. Se demorar mais tempo na cirurgia, também tira pontos. No final do procedimento, você recebe uma nota. O sujeito adquire grande habilidade manual de mexer com os instrumentos."
O centro conta com quatro ambientes cirúrgicos -dois deles destinados às cirurgias urológicas e os outros dois para cirurgia geral- que terão aparelhos laparoscópicos, microscópico cirúrgico, mesas ergonômicas e uma sofisticada rede de transmissão de dados e imagens, além de uma sala de telemedicina.


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