São Paulo, Quinta-feira, 12 de Agosto de 1999
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Leishmaniose se alastra no interior de SP

EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha

A leishmaniose visceral, doença que já matou duas pessoas no Estado de São Paulo, está se alastrando rapidamente na região de Araçatuba, no interior do Estado.
O número de casos suspeitos em humanos, que até anteontem era 41 só no município de Araçatuba (532 km a noroeste de SP), subiu para 101 e já atinge quatro cidades vizinhas, segundo informações divulgadas ontem pela Secretaria Estadual de Saúde.
Existem pessoas com sintomas da doença também em Andradina, Auriflama, Coroados e Guararapes. Da lista de 101 suspeitos, pelo menos 65 estão potencialmente contaminados.
Nos exames sorológicos feitos pelo Instituto Adolfo Lutz de São Paulo, todos apresentaram índice de contaminação acima do normal. Para considerar os casos positivos, no entanto, a saúde tem que realizar exames clínicos e epidemiológicos.
O número de cães contaminados, que era de 1.567 em 18 municípios até anteontem, subiu para 2.060 em 21 municípios ontem.
Em Araçatuba, a partir de onde o problema se disseminou, o índice de positividade, ou seja, de cães doentes, é de 13,67%. Isso projeta um quadro de mais de 5.000 cães doentes, de um universo de cerca de 40 mil animais na cidade.
"Chegamos a um ponto que, por fatores que incluem a falta de cuidado com o lixo doméstico, a tendência é aumentar o número de casos tanto em humanos como em cães", disse o diretor da DIR-6 (Direção Regional de Saúde).
"Temos cachorro, que é o hospedeiro, temos o mosquito, temos lixo para alimentá-lo. O que nos resta é tentar quebrar o ciclo", disse Salineiro.
A doença, nova no Estado, é transmitida pelo mosquito Lutzomiya longipalpis, que em áreas urbanas se utiliza do cachorro como hospedeiro e se alimenta de detritos orgânicos. O lixo produzido pelos 180 mil habitantes de Araçatuba é jogado a céu aberto.
Este ano, 11 pessoas contraíram a doença em Araçatuba, duas das quais morreram. Cinco doentes são de uma mesma família.
Os cães contaminados são sacrificados, por orientação do Ministério da Saúde. Os animais doentes deixam de comer, apresentam feridas e crescimento das unhas.
No ser humano, a leishmaniose visceral pode ser curada se for diagnosticada no início. O primeiro sintoma aparente no homem é febre contínua por um longo período. A pessoa emagrece, apresenta anemia e seu fígado e baço aumentam.


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