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Toninho era um petista diferente
RICARDO KOTSCHO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS
Em tudo, ele era um petista diferente. Para começar, Antonio da
Costa Santos, o Toninho, era herdeiro de uma tradicional família
campineira, muito rico, e não pertencia a qualquer tendência interna do Partido dos Trabalhadores.
Orgulhoso da sua independência,
nem queria ser prefeito.
As duas obsessões da vida desse
arquiteto e professor da PUC-Campinas eram combater a corrupção e melhorar a vida na sua
cidade natal, especialmente dos
moradores das vilas da periferia.
Por isso, acabou aceitando os
apelos da direção do PT e, embora
tenha largado em quinto lugar
nas pesquisas para a campanha
municipal do ano passado, acabou voltando ao Palácio dos Jequitibás, onde já havia ocupado o
gabinete de vice-prefeito na gestão de Jacó Bittar (89-93), e de onde saiu no meio do mandato depois de denunciar o então companheiro de partido por corrupção.
Desde o primeiro dia, resolveu
atacar os mesmos alvos que tinha
na Fundação da Cidade, que ele
criou e patrocinou: as máfias municipais que deixaram um rombo
de R$ 1,5 bilhão na prefeitura.
Bateu de frente com quem controlava a coleta de lixo, o maquinário da prefeitura, os transportes
e a merenda escolar.
Enquadrou perueiros, denunciou um derrame de diplomas falsos e prometeu levar serviços da
prefeitura aos ermos da cidade
dominados pelos traficantes.
Foi esse o motivo que levou os
dirigentes locais e nacionais do
PT a duvidarem da tese de latrocínio, já que Toninho vinha recebendo ameaças de morte.
Nas filas da multidão que passou diante do corpo do prefeito
no saguão do Paço Municipal,
desde as 11h de ontem, tinha de
tudo: das mulheres mais elegantes da cidade a mendigos, operários e crianças da periferia.
Há seis meses, quando as ameaças à sua família começaram,
preocupado com a filha Marina,
de 14 anos, foi obrigado a deixar o
imenso Casarão das Tranças, a
mais antiga construção colonial
da cidade, que pertencia à Fazenda Proença, e mudou-se para um
apartamento.
Toninho só tinha um irmão,
Paulo. Dono de uma grande indústria, a Campineira Doces, o
pai, já falecido, não se conformava com o destino dos filhos.
Dizia que, como tinha um filho
comunista (como definia Toninho) e um que era professor de
educação física, seria melhor vender tudo e investir em imóveis.
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