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São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2003

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VIOLÊNCIA

Em depoimento à polícia, Fabrísio Henrique de Oliveira disse que tinha inveja da vítima, com quem convivia desde a infância

Jovem planejou morte de primo há 20 dias

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O desempregado Fabrísio Henrique de Oliveira, 20, disse em depoimento que planejou por 20 dias a morte do primo Victor Thiago, 20, com quem convivia desde a infância e de quem, segundo a polícia, sentia inveja e ciúmes. Ele teve a idéia de matar Thiago, extorquir dinheiro dos pais da vítima e, depois, de atear fogo ao carro do estudante para despistar a investigação do crime.
Para os policiais, foi também Oliveira quem comprou gasolina e acendeu o fósforo para incendiar o Astra de Thiago. O corpo do estudante foi encontrado no porta-malas do carro, na terça-feira, no bairro Ipiranga (zona sul de São Paulo).
Segundo a DAS (Divisão Anti-Sequestro), Oliveira teve como cúmplice o desempregado Fábio Lopes Silva, 23 -vizinho de Oliveira e também amigo da vítima havia pelo menos dez anos.
Os primos conviviam desde a infância no Ipiranga. Oliveira chegou a trabalhar por alguns meses em uma das óticas do pai de Thiago. Deixou o emprego há dois meses e falava em fazer concurso para ser policial rodoviário federal.
Mas, segundo a polícia, ele tinha inveja do dinheiro do primo. Também tinha ciúmes porque sua atual namorada manteve um relacionamento rápido com o estudante havia dez meses, antes de começar o namoro com Oliveira.
"Ele [Oliveira] sempre brigava com a namorada quando o casal cruzava com Thiago. Ele tinha complexo de inferioridade em relação ao primo", disse o delegado Paulo Sérgio Lew, da DAS.
A proximidade entre os primos facilitou o crime. Segundo a polícia, Oliveira e Silva esperaram Thiago perto da casa da mãe do desempregado -tia de Thiago. Oliveira pediu para dirigir o carro. Em uma rua deserta, ele parou o veículo e Silva deu o primeiro tiro.
"Vocês estão loucos", gritou o estudante, segundo o que os dois contaram à polícia. A pistola falhou na tentativa do segundo disparo. Oliveira pegou a arma, a destravou, trocou a munição e devolveu a arma para Silva.
Thiago ainda pediu para ser levado ao hospital, mas logo recebeu outro disparo feito por Silva. A pistola era de Oliveira e foi comprada no final de semana.
Oliveira e Silva levaram o carro para um drive-in -onde o corpo foi colocado no porta-malas e eles tomaram banho- e depois para um estacionamento.
Em seguida, ligaram para o pai de Thiago e pediram R$ 400 mil de resgate. A família disse que não tinha o dinheiro e procurou a DAS. Segundo a polícia, Oliveira teve medo de que suas digitais fossem encontradas no carro e decidiu, na última hora, incendiar o veículo com o corpo do primo no porta-malas.
Oliveira comprou gasolina em um posto próximo, levou o carro até a rua Cripriano Barata, no mesmo bairro, e o incendiou.
A dupla, que chegou a ir ao enterro de Thiago na quarta-feira, teve prisão temporária decretada ontem: Oliveira por 30 dias e Silva, por cinco dias. A polícia não permitiu que os dois conversassem com a imprensa. Uma advogada contatada pela família de Silva, que foi à DAS ontem, também não quis falar com os repórteres.


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