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SISTEMA PRISIONAL
Atendimento incluirá saúde bucal e aplicação de vacinas; portaria foi publicada ontem no "Diário Oficial"
Governo cria um plano de saúde para presos
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Todos os presos do país vão passar a contar com uma espécie de
SUS (Sistema Único de Saúde),
que incluirá atendimento e ações
preventivas. O "Diário Oficial" da
União publicou ontem a portaria
interministerial 1.777, das pastas
da Saúde e da Justiça, que cria o
Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário.
Ele prevê, entre outras ações, a
entrega de camisinhas, a vacinação contra hepatite, influenza e tétano e terapias de grupo para os
cerca de 210 mil presos do país.
O governo federal vai repassar
dinheiro e orientações para que
os Estados construam instalações
médicas nas unidades prisionais.
Os detentos receberão atendimento nas seguintes áreas: saúde
bucal, saúde da mulher, Aids e
outras doenças sexualmente
transmissíveis, saúde mental, hepatite, tuberculose, hipertensão,
diabetes e hanseníase. O plano
também inclui vacinas e coleta de
exames laboratoriais.
O atendimento oferecido aos
detentos será o considerado "básico". Quadros de média e alta
complexidade, como derrames e
internação em UTI, respectivamente, continuarão sendo encaminhados aos hospitais.
"Algumas pessoas vão tentar
desvirtuar, dizendo que é privilégio. Mas preso não pode procurar
o hospital. É preciso que o hospital esteja presente na unidade prisional", disse Ângelo Roncalli, diretor do Depen (Departamento
Penitenciário Nacional).
Hoje, a maioria dos estabelecimentos prisionais não possui ambulatório. Muitas vezes os detentos nem sequer são levados ao
hospital porque a polícia teme
tentativas de resgate nas viagens.
Outro problema é a falta de informação. As secretarias estaduais
de saúde não fazem o acompanhamento dos presos.
Segundo o diretor de Ações
Programáticas e Estratégicas do
Ministério da Saúde, Fernando
Vasconcelos, um efeito colateral
do plano será eliminar essa lacuna. A meta é cadastrar todos os
presos e monitorar a evolução das
doenças. Os dados serão centralizados em Brasília.
A portaria também cria a possibilidade de treinar até 5% dos presos de cada unidade como agentes promotores de saúde. "Se ele
trabalha, tem direito a redução de
pena", disse Roncalli.
O atendimento básico dos detentos vai custar R$ 28 milhões
anuais, sendo 70% dos recursos
do Ministério da Saúde e 30% do
Ministério da Justiça.
Ontem, foram liberados R$ 3,6
milhões para os Estados de São
Paulo (R$ 2,4 milhões), Rio de Janeiro (R$ 535 mil), Pernambuco
(R$ 235 mil), Paraná (R$ 210 mil)
e Minas Gerais (R$ 170 mil).
Outros dez Estados e o Distrito
Federal devem aderir ao plano até
dezembro. Os demais 12 Estados
devem ser incluídos no programa
até fevereiro de 2004.
O dinheiro será repassado a Estados e municípios, que vão cuidar da implantação. Nas 146 unidades com até cem presos, médicos municipais vão prestar quatro
horas semanais de atendimento.
As prefeituras receberão R$
20.004 anuais por estabelecimento prisional como "incentivo" do
governo federal.
Nas 585 unidades maiores, haverá um total de 362 equipes, uma
por grupo de 500 presos.
Cada equipe será composta por
médico, enfermeiro, dentista, assistente social, psicólogo, auxiliar
de enfermagem e auxiliar de consultório dentário. O atendimento
será de 20 horas semanais. Haverá
repasse de R$ 40.008 anuais da
União por equipe para o Estado.
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